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quarta-feira, 14 de maio de 2025

Chuva não ameniza crise no campo

20/01/2006 15h38 – Atualizado em 20/01/2006 15h38

Dourados News

A chuva que caiu na região de Dourados serviu de alento para os produtores rurais, mas não ameniza a crise no campo. Como nos dois anos anteriores, vários agricultores já tiveram perdas consideráveis por causa da estiagem, que em alguns pontos durava mais de um mês. Já existem lavouras onde o prejuízo passa dos 50%, mas uma média global só deverá ser apurada corretamente mais adiante.“O mais triste não é a falta de chuva e sim o descaso do governo, que não define uma política agrícola séria capaz de dar respaldo à classe produtora. A União parece não estar preocupada com um setor que é responsável por 40% das exportações brasileiras”, disse o presidente da CAF (Comissão de Assuntos Fundiários) do Sindicato Rural de Dourados, Leopoldo Pozzi, ao salientar que depois da primeira experiência com a estiagem em 2004, o governo já deveria ter criado mecanismos de preservar o setor produtivo das turbulências.Não bastasse o clima, que ainda ameaça a produtividade no Estado, Pozzi explica que existem outros fatores que aniquilam a atividade rural, como o acúmulo de dívidas por causa das frustrações anteriores, o baixo preço das comodities (soja, milho e carne), o alto custo de produção e até o surgimento de novas pragas, como a ferrugem e ácaros nas lavouras de soja. Só para controlar a ferrugem estima-se que serão gastos pelo menos R$ 100 milhões em Mato Grosso do Sul.O Ministério da Agricultura até disponibilizou no início do mês uma linha emergencial de R$ 46 milhões para custeio de prevenção e controle da ferrugem asiática da soja. Entretanto, os recursos serão praticamente inacessíveis aos produtores, já que para obter o financiamento bancário o agricultor tem que dispor de limite de crédito no Banco do Brasil, isto é, não pode ter comprometido todo o crédito com o custeio do plantio da safra. Requisito que excluirá cerca de 80% dos agricultores.“O descaso político é tão grande, que mesmo faltando recursos para o financiamento da produção, empresas estatais patrocinam movimentos sociais, que visam desestabilizar o setor produtivo, deixando claro que o compromisso do governo não é com o agronegócio”, ponderou Leopoldo Pozzi ao fazer referência sobre o patrocínio da Petrobrás à revista “Sem-terra”, publicação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra). A denúncia foi feita pela revista Veja desta semana. A estatal investiu R$ 45,5 mil na publicação.O presidente da CAF avalia ainda que se a política do governo é contra a produção agropecuária, significa que o governo também não está preocupado com a indústria e o comércio. “A gente sabe que quando há uma frustração no campo, toda economia sente os reflexos. Dourados está sentindo isso. Diante de tanta falta de respeito com o setor produtivo, só nos resta rezar e escolher melhor os futuros governantes”, lamentou.

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