20/01/2006 11h02 – Atualizado em 20/01/2006 11h02
MSTV 2ª Edição – TV Morena
Em dezembro do ano passado a Polícia Federal, por determinação judicial que concedeu reintegração de posse aos fazendeiros, retirou as famílias de índios Kaiowá das áreas invadidas. Passados quase dois meses, os indígenas continuam na região, mas acampados às margens de uma rodovia, vivendo sob tendas improvisadas.Lama e água suja. A barriga inchada é sinal de que a saúde está em risco. Inocentes as crianças nem sabem disso. As margens da estrada vivem 96 famílias Guarani Kaiowá. Nada de casas ou ocas, os índios moram em barracos de lona numa grande favela. Nessa época do ano a temperatura média aqui em MS é de 30,3º e os barracos foram construídos com essa lona preta que absorve o calor, lá dentro fica insuportável, como um forno. Já aumentou a incidência de diarréia entre as crianças, elas ficam enfraquecidas o que agrava também o quadro de desnutrição.Luciano não tem forças pra andar. A família mora nesse barraco. O menino está há dois dias com diarréia. A Funasa instalou caixas e canos pra abastecer o acampamento. Mas o sol esquenta a água. Além do calor tem a sujeira a filha de Cláudia tem um ano e três meses e peso de um bebê de seis meses.Filtros foram distribuídos. O calor é tanto que as crianças bebem água o tempo todo, a filtragem não dá conta. Sem falar muitas famílias estão com os filtros quebrados. Na falta de água tratada as crianças tomam banho no mesmo açude onde o gado bebe água.Numa tenda improvisada a equipe da Funasa, um médico, um dentista uma auxiliar e uma enfermeira atendem os índios. A mesma equipe é responsável pelo acompanhamento de indígenas em mais cinco aldeias. Joseleido tem desnutrição crônica, já foi internado e agora voltou a emagrecer. Aos três anos e três meses está muito abaixo do peso. O menino recebeu uma super dose de vitamina a pra fortalecer o sistema imunológico. Mas o futuro é incerto. A menina almoça no chão enquanto o cachorro doente ronda a comida. A água suja escorre pelo chão onde o alimento é preparado. A cada consulta mais um paciente precisando de ajuda. O médico examina Luciano. O menino piorou, mal consegue abrir os olhos. Não reage aos estímulos.É uma história que se repete. Índios sem espaço. Nesse caso em Antônio João, o governo homologou a terra, mas a justiça determinou o despejo dos indígenas suspendendo o processo de demarcação. Sem ter pra onde ir eles vivem assim. Até os agentes de saúde admitem que desse jeito fica quase impossível falar de saúde ou prevenção.Ainda não houve morte, mas a ameaça ronda essas crianças. E hoje durante a reunião com o representante do ministério do desenvolvimento social e combate à fome em Antônio João, foram anunciadas algumas decisões. Uma delas é o aumento do valor nutricional das cestas básicas. Outras medidas anunciadas foram: repasse de R$ 50 mil para reforma dos barracões dos índios e a compra de material para confeccionar artesanato. Mas a liberação da verba ainda não tem data definida.




