20/01/2006 15h44 – Atualizado em 20/01/2006 15h44
Olair Nogueira e Henrique de Matos
Após encerrar as atividades nas unidades de Paranaíba, Batayporã e Naviraí, o frigorífico Margen vai anunciar, na próxima segunda-feira, o fechamento de sua unidade em Três Lagoas e a demissão de todos os funcionários do frigorífico no município. A informação foi confirmada ontem ao Perfil News e Diário MS pelo administrador do grupo Margen, Adalberto José da Silva. Segundo ele, serão demitidos 430 funcionários. Adalberto Silva comentou que os fatores que levaram o grupo a desativar a unidade do Margen em Três Lagoas são semelhantes aos que fizeram o frigorífico fechar as portas, em dezembro do ano passado, das outras três unidades no Estado. Segundo ele, além do embargo dos principais mercados internacionais à carne brasileira, causada pelos focos de febre aftosa, o grupo vem sofrendo com a política econômica do governo federal, que de acordo com ele, não é favorável e nem estimula a exportação e o desenvolvimento do mercado da carne. O frigorífico revela que desde o aparecimento do primeiro foco de febre aftosa em Mato Grosso do Sul, ocorrido em outubro de 2005, vem “amargando” sérios prejuízos, já que, além de ser impedido de exportar sua produção, teve que diminuir a capacidade de abate para atender apenas o mercado interno, que segundo o grupo Margen, é bem menos lucrativo. “Aqui no mercado interno existe um excesso de carne. O preço está em baixo e o custo é muito elevado para trabalharmos no prejuízo”. Com a desativação do frigorífico em Paranaíba, Batayporã, Naviraí e agora em Três Lagoas, o Margen ficará com apenas uma unidade em Mato Grosso do Sul, que é a filial do grupo em Coxim. Adalberto Silva disse que por enquanto as atividades no frigorífico em Coxim permanecem normais. Entretanto, ele não descartou a possibilidade de desativar totalmente os trabalhos do grupo no Estado, nos próximos meses, caso não haja a abertura do mercado internacional para a entrada carne brasileira. “Está difícil tocar frigorífico em qualquer parte do Brasil. Mas, no Mato Grosso do Sul está situação está ainda mais crítica, já que pelo menos 30 mil animais do Estado foram abatidos devido à febre aftosa. O mercado internacional é muito rigoroso e se comporta de forma bastante desconfiada em situações como esta”, comentou o administrador do grupo Margen. Desemprego Com o fechamento do frigorífico em Três Lagoas, deve chegar a 1.700 o número de funcionários demitidos pelo grupo Margen desde novembro do ano passado. No mês passado, o frigorífico já havia anunciado a demissão de pelo menos 850 funcionários de Batayporã, Paranaíba e Naviraí. De setembro a dezembro de 2005, o grupo já havia demitido 286 funcionários na unidade de Batayporã e 200 em Paranaíba. Em Batayporã, o aviso prévio dos 286 funcionários vence na próxima semana e apesar de todo o esforço da classe sindical e política do município, na tentativa de manter o abate e suspender o fechamento do frigorífico, a diretoria do grupo considera a situação irreversível. Especulasse no município que o Grupo Minerva, bastante conhecido no setor da carne em todo o país, possa ocupar as instalações deixadas pelo Margen e continuar com os trabalhos. Em pouco mais de dois meses, o Margen fechou sete frigoríficos em todo o país. Além das quatro unidades em MS, o frigorífico também desativou duas unidades no Estado de Goiás e uma em Cuiabá, no Mato Grosso.