21/01/2006 11h26 – Atualizado em 21/01/2006 11h26
BBC Brasil
Paramilitares serão colocados em programa de reinserção
Mais de 2,6 mil paramilitares das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) entregaram as suas armas em uma cerimônia no norte da capital do país, Bogotá, no maior desarmamento do grupo desde que deu início a negociações de paz, em 2003.
O comandante da unidade desmobilizada, Ramiro Vanoy, é procurado pelos Estados Unidos por acusações de tráfico de drogas relacionadas aos tempos do cartel de Pablo Escobar, mas ele pode escapar do processo de extradição se cumprir os termos previstos no processo de paz.
Organizações de defesa dos direitos humanos dizem temer que paramilitares que cometeram atrocidades fiquem impunes, mas o governo colombiano nega que isso vá acontecer.
Os paramilitares envolvidos no processo de desmobilização foram colocados em programa de reinserção na sociedade.
Segundo a agência de notícias Associated Press, os paramilitares que entregaram as suas armas serão perdoados pelos seus crimes, receberão US$ 180 por mês durante dois anos e receberão treinamento profissional.
O acordo de paz também prevê, porém, que líderes do grupo como Vanoy poderão ser condenados a até oito anos de prisão se os promotores acharem provas de que eles foram diretamente responsáveis por massacres ou outros crimes hediondos.
A cerimônia desta sexta-feira desmobilizou o 16º grupo da AUC em três anos. Cerca de 17 mil membros já entregaram as suas armas – faltam 3 mil.
Os paramilitares foram criados nos anos 80 por fazendeiros ricos e traficantes de drogas para atacar rebeldes de esquerda que combatiam o governo. No entanto, o grupo acabou adotando táticas como as dos rebeldes.
Apesar da desmobilização das AUC, o conflito civil continua na Colômbia, sem que nenhum dos dois principais grupos guerrilheiros de esquerda, as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o ELN (Exército de Libertação Nacional) tenha concordado com um processo formal de paz.





