30/01/2006 19h29 – Atualizado em 30/01/2006 19h29
Paulo Rocaro/Conesulnews.com
Os comerciantes de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, têm motivo de sobra para comemorar o que consideram um momento “extremamente favorável”. As vendas reagiram bastante nos últimos meses, transformando o ano de 2005 num marco de retomada do setor. Alguns fatores, atrelados às medidas adotadas pelo governo brasileiro, são apontados como impulsionadores desta reação. O secretário da Câmara de Comércio de Pedro Juan Caballero, Tomaz Medina, aponta fatores que, segundo ele, contribuíram decisivamente para que o comércio pudesse registrar uma “arrancada” em 2005. “Existem três indicadores fundamentais para o desenvolvimento das relações comerciais no lado paraguaio: o câmbio, a cota permitida para aquisição de mercadorias estrangeiras e a oferta de empregos”, ressalta. Com a cotação de moedas da forma que está, torna-se mais atrativo para o brasileiro comprar no Paraguai. O dólar em relação ao real tem se mantido numa baixa cotação e o guarani também. Isso faz com que muitos produtos se tornem ainda mais atrativos no comércio paraguaio. Medina cita também a cota estabelecida pelo governo brasileiro para limitar as compras no Paraguai sem necessidade de pagar impostos, que era de 150 dólares e foi para 300 dólares em 2004, permanecendo até hoje. “São fatores que proporcionaram um crescimento de 40% no volume de vendas em relação a 2004”, enfatiza. Por conta disso, os números relacionados ao comércio de Pedro Juan Caballero impressionam. De acordo com a Câmara de Comércio, só no ano passado foram criados cerca de 2.500 empregos. Os trabalhadores estão atuando em diversos setores, mas alguns ganham destaque. “Cresceu muito o volume de vendas de materiais para construção, peças automotivas e também alimentos, notadamente de gêneros de primeira necessidade”, garante Tomaz Medina. Segundo ele, a cidade de Pedro Juan, com aproximadamente 75 mil habitantes forma ao lado de Ponta Porã – com população superior a 65 mil – um mercado consumidor atraente e interessante. Por isso já foram inaugurados dois supermercados de grande porte no final do ano passado na cidade. A Câmara de Comércio estima que cerca de 450 lojas estejam funcionando no micro-centro comercial de Pedro Juan Caballero. Nelas, os turistas brasileiros gastam aproximadamente 300 mil dólares por dia. Também aumentou bastante o número de estabelecimentos comerciais de menor porte estabelecidos nos bairros mais afastados do centro da cidade. São mercearias ou mercadinhos, que na cidade vizinha são conhecidos como “despensas”. Para a Câmara de Comércio são mais de mil estabelecidas no perímetro urbano. Toda esta movimentação contribui para incrementar o setor financeiro. Pedro Juan ganhou no ano passado uma grande financeira e duas novas casas de câmbios, estabelecimentos especializados na troca de moedas, especialmente real, guarani, dólar e euro. Outro sinal de prosperidade da economia pedrojuanina foi o início de operações de uma nova linha aérea interligando Pedro Juan Caballero a Assunção e outros grandes centros, como Buenos Aires (Argentina), Curitiba e São Paulo (Brasil), trajetos cobertos pela TAM Mercosul. Quem mora na fronteira não precisa mais se deslocar a Dourados ou Campo Grande para tomar um avião. Pode fazer o percurso através do Paraguai. Aliás, no setor de transporte de passageiros se destaca o fluxo intenso na estação rodoviária da vizinha cidade paraguaia. Um cálculo feito pelas autoridades locais revela que pelo menos 3 mil pessoas circulam diariamente pelo local, embarcando ou desembarcando em ônibus de linha para cidades do interior, capital e até mesmo para o exterior. “Estamos vivendo um grande momento e, pelo que temos vislumbrado, a perspectiva é de que esta situação extremamente favorável permaneça por mais algum tempo”, finaliza o dirigente da Câmara de Comércio de Pedro Juan Caballero. Com informações do Jornal de Notícias.