30/01/2006 07h44 – Atualizado em 30/01/2006 07h44
Midiamax News
O psicólogo e psicodramatista Rômulo Faid Monteiro, trabalha há muito tempo com jovens e adultos viciados em internet. No mundo atual é praticamente impossível não estar conectado na rede mundial de computadores, seja para se comunicar, se informar, ou porque não, se relacionar com novas pessoas. A assiduidade contínua na internet, no entanto, interfere nas relações interpessoais dos indivíduos, pois o relacionamento virtual passa a ser muito comum e ultrapassa a linha da normalidade. Cada vez mais homens e mulheres buscam a satisfação sexual através da rede mundial de computadores. Segundo o psicólogo Rômulo essa fixação é fruto das constantes frustações amorosas e afetivas que aferem o mundo moderno. A falta de comprometimento, de parceiros e as repressões sexuais impostas pela sociedade e pela educação na infância levam os internautas a procurarem o sexo e a pornografia via internet. “O anonimato permite que o indivíduo assuma uma nova personalidade física e mental, satisfazendo suas fantasias mais secretas, consideradas impossíveis na vida real”, afirma Rômulo, que também é vice-presidente do Conselho de Psicologia de Mato Grosso do Sul. As relações pela internet são alimentadas, em grande parte, por pessoas que não se aceitam fisíca, mental, emocional ou até moralmente, tendo a necessidade de se projetar como outra pessoa para lidar com o outro. “O relacionamento real é muito difícil, nunca é tão bonito como se quer e nem agrada o tempo inteiro. No dia-a-dia existem crises que precisam ser enfrentadas com muita paciência. Quem não enfrent, não sofre e consequentemente não vive”, relata o psicodramatisma.De acordo com praticantes, o sexo e a pornografia via internet são muito mais excitantes, pois permitem que as fantasias cresçam. Entretanto, Rômulo salienta que tudo isso é ilusório, pois a mulher e o homem da vida real, na maioria dos casos, não possuem os corpos esculturais e fabulosos, como as modelos fabricadas via Photoshop para a internet. “Nenhuma pessoa normal consegue manter uma relação sexual por 24 horas ininterruptas, como exibem certos vídeos na internet. É preciso encarar a vida real como ela é, com impotência, cansaço e dor de cabeça”, ressalta Rômulo. Vício diagnosticado Acessar sites com conteúdos adultos, todos alguma vez já se arriscaram pelo menos “para saber como é”. Contudo, como é possível saber que realmente se está viciado em sexo e pornografia pela internet? O psicólogo explica que a pessoa chega ao nível de vício diagnosticado medicamente quando passa a substituir as relações reais pelas virtuais, se privando de relacionamentos ao vivo. “Não podemos trocar um pelo outro, se isso acontecer um distúrbio de relação interpessoal está sendo desencadeado”, afirma.A partir do momento que o internauta deixa de sair de casa para ficar grudado na telinha do computador, é preciso se preocupar, pessoas denominadas atualmente como “nerds”, que permanecem até a noite toda “ligado”. Jovens, na maioria das vezes, têm o hábito de ficarem conectados por grandes períodos, ainda mais com a febre de MSN e Orkut. “É preciso observar se o internauta fica na internet combinando baladas, para sair depois ou se ele está acessando sites proibidos”, diz o psicólogo. Consequências O vício desenfreado em sexo e pornografia online abala as relações familiares e conjugais (no caso de pessoas casadas), pois o viciado tende a se isolar do mundo externo. Além de afetar as relações de trabalho e amizade, pois diminui a atenção e a concentração em assuntos simples do cotidiano.