08/02/2006 18h42 – Atualizado em 08/02/2006 18h42
Estadão.com
Buenos Aires – Poucas horas após o anúncio oficial realizado pelo Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentícia (Senasa) sobre a existência de um foco de febre aftosa na província de Corrientes, no nordeste do país, no vilarejo de San Juan, localizado no município de San Luis del Palmar, na província de Corrientes, a Argentina começou a perder mercados para sua carne bovina no exterior.A primeira má notícia foi proveniente do Uruguai, que anunciou que proibia a importação de carne argentina. Segundo o Ministério da Pecuária do Uruguai, “a entrada de todos os produtos e sub-produtos de origem animal sem tratamento térmico fica proibida até que seja realizado uma análise profunda sobre os riscos”. Em 2001, o Uruguai perdeu US$ 500 milhões em mercados externos por causa do surgimento de um foco de aftosa. A fronteira do Uruguai está a menos de 400 quilômetros do foco de aftosa detectado en San Luis del Palmar.Horas depois foi a vez do Chile – um dos principais provedores – anunciar a proibição da entrada de carne argentina. Segundo a Divisão de Proteção Pecuária do Serviço Agrícola e de Gado do Chile, a importação de produtos de origem animal da Argentina “fica suspensa temporariamente”.No fim da tarde, o governo do Paraguai comunicou que aumentaria a fiscalização na área da fronteira e que proibirá a entrada de animais vivos da província de Corrientes. Nos últimos meses, diante do surgimento de aftosa no Brasil, o governo paraguaio havia providenciado a vacinação de grande parte do rebanho existente no país. O Paraguai é considerado país livre de aftosa com vacina, fato que proporcionou-lhe exportações para 47 países com o valor de US$ 238 milhões.Governo brasileiro volta atrásO governo brasileiro voltou atrás e também decidiu fechar as fronteiras com a Argentina por conta da ocorrência de um foco de febre aftosa no país vizinho. Assim, está proibida a comercialização de bovinos vivos entre ambos os países. “Com certeza o Brasil vai estabelecer restrições”, disse no final da tarde de hoje o diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Jorge Caetano Júnior, por meio da assessoria de imprensa da pasta. Caetano Júnior não detalhou o tipo de restrição, se será proibida apenas a comercialização de animais vivos ou também a compra de carne argentina. Não há informações sobre se o embargo se restringe apenas a produtos da província de Corrientes, onde o foco de aftosa foi confirmado, ou se será aplicado a todo o território argentino.Pouco antes do anúncio desta decisão, o governo havia assumido uma posição menos dura. Mesmo amargando o embargo de 56 países à carne nacional, o Ministério da Agricultura tinha optado por adotar uma medida amigável e, portanto, mantido o comércio de carnes e animais com a Argentina. O setor privado cobrou do governo o fechamento da fronteira como forma de evitar o risco sanitário, cautela necessária principalmente depois que vários casos da doença foram diagnosticados no Mato Grosso do Sul e no Paraná.MercadosCom o surgimento deste foco, os produtores argentinos também correm o risco de perderem os mercados no exterior que haviam conquistado graças à retirada brasileira – também por causa de focos de aftosa – em diversos países das Américas, Europa e Ásia no semestre passado. No ano 2000 e em 2003, quando a Argentina registrou centenas de focos de aftosa, o país perdeu US$ 500 milhões anuais nos mercados no exterior, que fecharam suas portas à carne argentina.