16/02/2006 07h59 – Atualizado em 16/02/2006 07h59
Terra
O coronel da reserva Ubiratan Guimarães comemorou ontem à noite a absolvição no caso do massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, no Regimento 9 de Julho, no bairro da Luz, no centro de São Paulo. Os desembargadores do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo aceitaram na tarde de ontem recurso contra a condenação do 2º Tribunal do Júri, de 2001, a 632 anos de prisão pela morte de presos no Pavilhão 9 do complexo penitenciário. Ele foi recepcionado às 18h45 pelos oficiais do quartel, tenentes e sargentos com o grito de guerra tradicional da cavalaria: “Hip hurra. E ao coronel Ubiratan. Hip hurra, hip hurra, hip hurra. E ao cavalo”. “Eu sou daqui. Eu fiquei 26 anos na tropa de choque. Vivi aqui neste regimento durante 20 e poucos anos da minha vida. No dia que eu fui condenado, dia 30 de julho de 2001, às 2h, vim para cá também. Todos os oficiais estavam me esperando para saber o resultado. Ficaram ao meu lado. Hoje, dia em que se fez justiça, eles estão aqui de novo. Eu não poderia deixar de vir”, disse o coronel à Folha de S.Paulo. Segundo a rádio CBN, Ubiratan se diz aliviado com a anulação do caso Carandiru. Ele afirma que ajudou a salvar vidas na penitenciaria e que sem a intervenção da polícia a rebelião não seria controlada. “Eu comandei 25 operações em presídios. Mais de 95% foram na moral, como a gente diz, acabaram sem ninguém ferido”. Mas aí veio o Carandiru. “Você não sabe o que é levantar de uma cadeira, às 2h, tendo recebido uma condenação de 632 anos de cadeia. Mas eu nunca me furtei a explicar, nunca fugi, sempre confiei na Justiça”.