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sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Especialistas dizem que Brasil corre o risco de ter gripe aviária

22/02/2006 10h21 – Atualizado em 22/02/2006 10h21

Agrolink

O Brasil, assim como todos os demais países do continente americano, corre o risco de registrar casos de infecção de aves com o vírus H5N1, o tipo mais letal da influenza aviária. Essa é a avaliação de especialistas ouvidos pela BBC Brasil, como Joseph Domenech, veterinário-chefe do FAO (Fundo da Organização das Nações Unidas para a agricultura e a alimentação), em Roma. “Não podemos prever quando o vírus atingirá países específicos, mas podemos dizer que nenhum país está livre do risco e todos devem estar preparados. O risco está lá”. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), desde o início deste mês mais 13 países da Ásia, Europa e África já confirmaram a contaminação de aves com o H5N1. É só uma questão de tempo para que a doença alcance a América, como diz a pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Liana Brentano, doutora em virologia animal na Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. “Esse risco existe, mas ninguém sabe quando e como ocorrerá. O contágio, muito provavelmente, será através de aves silvestres migratórias. Uma prova disso é o fato de a doença estar se disseminando da Ásia para a Rússia e da Europa agora para a África. É um padrão previsível”, diz. Migração Existem oito rotas principais de migração de aves silvestres, segundo a FAO: Américas-Pacífico, Américas-Atlântico, Américas-Mississipi, Atlântico Leste, Mediterrâneo-Mar Negro, Ásia Central, Ásia Ocidental-Leste da África e Austrália-Ásia Oriental. É possível, por exemplo, que aves que estão na Rússia cheguem ao continente americano pela Groenlândia. “Quando começar a migração de aves do hemisfério norte, por volta de abril até setembro, aumenta o risco para a gente”, afirma Liana Brentano, da Embrapa. Ainda se sabe muito pouco sobre os pássaros infectados que representam uma ameaça e qual a rota que percorrem, como diz Juan Lubroth, perito em saúde animal da entidade.”Ainda estamos começando a fazer pesquisas na África e na Europa para conhecer quais são as aves silvestres que poderiam introduzir o vírus em continentes novos”, diz Lubroth. A chegada do vírus H5N1 na América pode ocorrer por meio da migração de aves silvestres, mas também através do comércio de aves – seja para alimentação ou domesticação, essa última ainda pode ficar longe da mira da fiscalização em decorrência do contrabando de animais. Andre Farrar, porta-voz da Royal Society for the Protection of Birds (RSPB), de Londres, diz que a “forma que mais preocupa é o movimento migratório de aves silvestres, porque qualquer tipo de ave pode ser contaminada com o vírus”. “Na teoria, é possível que as aves migratórias carreguem o vírus em longas distâncias, mas as evidências para isso não são conclusivas”, observa. “Isso significa que a América estaria relativamente isolada desse movimento, mas isso não isola a América das outras formas de transmissão.”

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