22/02/2006 13h44 – Atualizado em 22/02/2006 13h44
EFE
O jornalista Wu Xianghu, do diário “Taizhou Evening Post”, morreu esta semana por causa de um problema hepático e renal desencadeado pelos golpes recebidos da Polícia em outubro após denunciar uma série de irregularidades, informa hoje a imprensa independente. Wu, de 41 anos, denunciou em 19 de outubro mediante um artigo que as autoridades do distrito de Jiaojiang, em Taizhou (província oriental de Zhejiang), estavam cobrando quantias excessivas pelas licenças para motoristas de veículos. O artigo incomodou o chefe de Polícia de Jiaojiang, Li Xiaoguo, que pediu a Wu uma desculpa pública, ao que este se negou, e em seguida 50 efetivos entraram na redação do diário, bateram no jornalista e o levaram em um veículo policial. Wu foi transplantado de fígado em 2003, por isso os golpes recebidos no ataque desencadearam sua morte depois de ser internado em outubro em um hospital de Hangzhou. “Depois do transplante pôde voltar a trabalhar, e tudo parecia ir bem. Mas os doutores descobriram que o fígado e os rins ficado danificados pela violência dos golpes e não podia recuperar o controle dos intestinos”, declarou a viúva, Hu Jinghua, de 38 anos, ao diário “South China Morning Post”. O jornalista morreu na quinta-feira no Hospital Afiliado da Universidade Médica de Hangzhou depois de ser transferido ao centro em 21 de novembro após a descoberta dos problemas em seu sistema hepático, conseguindo um segundo transplante em 24 de janeiro, sem sucesso. “Meu marido morreu com os olhos abertos, porque não pôde suportar morrer deixando seu filho e sua esposa além de suas responsabilidades jornalísticas”, assinalou Hu. O jornalista deixa um filho de 11 anos, Wu Heyi. “Estou muito orgulhosa dele, porque era um excelente jornalista que sempre foi leal à liberdade de expressão”, acrescentou a viúva. A violência do ataque contra Wu foi divulgada por meios locais e estrangeiros, e uma semana depois o Governo local anunciou que o chefe de Polícia foi expulso do Partido Comunista e demitido de seu cargo. “Trata-se de um caso criminoso no qual Wu foi espancado com violência e morreu. Queremos justiça”, assinalou um jornalista do Taizhou News Group que pediu anonimato depois que o Governo local proibiu os meios de comunicação de informar sobre a morte de Wu. “Só podemos confiar que a imprensa estrangeira relate a verdade, apesar de nós também sermos jornalistas”, acrescentou. Os diários chineses revelam cada vez mais as desmoralizações das quais são vítimas os cidadãos por parte das autoridades locais e que produziram em 2005 um total de 85 mil protestos em todo o país, por isso os comandantes locais pediram ao Governo central que reforce a já estrita censura que exerce na imprensa.