23/02/2006 17h02 – Atualizado em 23/02/2006 17h02
Aquidauana News
A família do brasileiro Jean Charles de Menezes pediu nesta quinta-feira que um juiz do Tribunal Superior investigue as circunstâncias da morte de seu parente, morto pela polícia em 22 de julho no metrô de Londres.”Achamos que a complexidade e a polêmica do caso justificam que seja um juiz do Tribunal Superior o encarregado das investigações”, afirmou a advogada dos parentes, Harriet Wistrich.Wistrich fez estas declarações no fim de uma curta audiência no tribunal de primeira instância de Southwark (sul de Londres), que desde setembro passado está encarregado de investigar as causas da morte do brasileiro.Durante a audiência desta quinta-feira, que durou cinco minutos, o juiz escutou a declaração de John Cummins, investigador da Comissão de Queixas à Polícia (IPCC, na sigla em inglês), que questionou sobre o papel das forças de segurança na morte de Jean Charles.Cummins confirmou que o relatório da IPCC, elaborado “sem obstáculos”, foi enviado à Promotoria Geral para que avalie se algum agente deve ser processado pela morte do brasileiro, decisão que poderia ser divulgada em meados de abril.A família de Jean Charles voltou a criticar hoje que a IPCC não mostrasse esse relatório, parte do qual vazou à imprensa, antes de ser apresentado ao promotor.A Comissão ofereceu depois manter uma reunião para explicar o conteúdo à família, oferta que em um primeiro momento a família rejeitou por considerar que a informação seria parcial, mas que agora está estudando novamente, segundo informaram hoje.”Primeiro nos reuniremos os advogados com a IPCC, e depois os parentes avaliarão se vale a pena ou não se reunir com eles”, disse Wistrich.Segundo a informação filtrada à imprensa, a comissão recomendou ao promotor que processe os agentes que se encarregaram de vigiar Jean Charles, por, supostamente, falsificar o conteúdo de seus diários a fim de responsabilizar de sua morte seus colegas da Brigada Marinha, que atiraram depois de receber erroneamente a confirmação de sua identidade.Wistrich anunciou também que na próxima semana se reunirá com o promotor para que acompanhar a “evolução do caso e o calendário estabelecido”, já que a família teme “que a investigação atrase”.Espera-se que também em abril a IPCC divulgue detalhes de sua investigação sobre a atuação do comissário-chefe da Scotland Yard, Ian Blair, que os parentes de Jean Charles acusam de tê-los enganado ao divulgar informação falsa em sua versão inicial do fato.A próxima audiência no julgamento de Southwark será no início de setembro, embora os advogados da família de Jean Charles tenham pedido uma audiência preliminar privada para junho.Jean Charles morreu em 22 de julho de 2005 na estação de metrô de Stockwell pelos oito tiros que disparou contra ele um policial que, supostamente, o confundiu com um dos autores dos atentados fracassados da véspera.Seu primo, Alex Pereira, disse hoje que a família “seguirá lutando para conhecer a verdade do episódio, mesmo que seja durante cem anos”.Com relação a se confia em que a Justiça britânica processe os policiais, Pereira respondeu: “Vamos ver. A lei está feita para eles”.Por outra parte, um relatório da Anistia Internacional sobre a política antiterrorista do Reino Unido divulgado hoje recomenda que o caso de Jean Charles “seja investigado com premência e independência”.



