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segunda-feira, 21 de julho de 2025

Desembargadora do TJ confessa que já sofreu preconceito

08/03/2006 15h31 – Atualizado em 08/03/2006 15h31

Midiamax News

Uma mulher negra, de 59 anos, que gosta de flores, poesia e acima de tudo luta e acredita na justiça, assim se descreve a cuiabana Marilza Lúcia Fortes, 59, terceira desembargadora a tomar posse no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Viúva há 27 anos, mãe de Maria de Fátima (34), Marcelo Augusto (33) e Cláudia Regina (25) e juíza desde 1980 em Mato Grosso do Sul todos esses anos à frente da Auditoria Militar, na Capital, Dra. Marilza é conhecida como mão dura pelos policiais.A juíza possui apenas um hobby, cuidar de orquídeas, que atualmente somam 240 no seu jardim. Marilza é, sem dúvida, uma mulher vencedora e exemplo para todos. A posse, marcada para a próxima quarta-feira, um dia antes de completar 60 anos, será um marco na história por empossar a terceira mulher para a corte suprema da Justiça Estadual. A primeira foi a Des. Dagma Paulino dos Reis, já aposentada e a segunda foi a Des. Tânia Garcia de Freitas Borges, em exercício. “Quando comecei a atuar, enfrentei dificuldades pelo fato de ser mulher. Os clientes entravam no escritório e me mandavam chamar o meu patrão”, ressalta lembrando que sofreu preconceito da população da época.Já na magistratura, os comandantes mais antigos pensaram que Marilza seria dominável, mas sempre se demonstrou uma mulher forte e determinada nas decisões. Ela atribui suas conquistas aos pais já falecidos que a ensinaram o valor dos estudos. Uma passagem que se recorda é ainda aos 12 anos, quando tirou as primeiras notas baixas no ensino médio e sua mãe lhe disse “você é uma mulher comum e com a cor que tem se não estudar ou será empregada ou amante”. A mãe, uma professora primária e o pai, um comerciante semi-analfabeto foram os responsáveis pelo princípio que leva para a vida. “Viver em pé de igualdade com todos”, ressalta.Os estudos sempre foram em escolas públicas e para poder manter os dois cursos universitários, ganhou uma bolsa da instituição e, ainda para custear as despesas, dava aulas no ensino fundamental e médio. Aliás, a magistrada se orgulha de ter começado a trabalhar aos 12 anos. Entre seus objetivos futuros estão: dar o melhor de si para o próximo e fazer jus à esperança nela depositada. Recém curada de um câncer iniciado no seio e que se alastrou pelo corpo, conviveu por cinco anos com a doença – sem parar de trabalhar. “O trabalho é a melhor terapia que pode ter o homem”, aduz. Ela aconselha que as mulheres devem continuar ocupando espaços e jamais se deixarem vencer pelos obstáculos. Marilza se atribui as qualidades da sinceridade e amizade e os defeitos de ser exigente e detalhista.Marilza vai entrar na vaga deixada pelo Des. Nildo de Carvalho, aposentado no início do ano, para atuar na área criminal. Vale ressaltar que dos 183 magistrados no Estado incluindo os desembargadores, as mulheres somam 22,40%. Marilza coleciona outros títulos igualmente elogiáveis, como 1ª coordenadora da Faculadade de Direito de Mato Grosso, atual UCDB; chefe do Departamento Jurídico do Sistema Penitenciário; professora universitária; advogada por 10 anos de instituições bancárias e a segunda advogada a atuar no Estado. Além do outro curso universitário, Letras com Francês. Um recado que deixa em sua entrevista é “acredite no homem lá em cima e tudo dará certo”.

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