09/03/2006 17h11 – Atualizado em 09/03/2006 17h11
RMT online/TV Morena
Cinco meses depois da descoberta dos primeiros focos de aftosa, a economia dos cinco municípios atingidos ainda sofre com os reflexos da doença. Com o fechamento dos frigoríficos e laticínios, pelo menos 2 mil pessoas estão sem emprego. É uma triste rotina. Nos últimos 5 meses, depois que foi demitido, Marcos perdeu as contas de quantas vezes voltou ao frigorífico onde trabalhava. Mais uma vez vai voltar pra casa sem trabalho, só que desta vez disposto a se mudar de Mato Grosso do Sul.A linha de produção está parada desde outubro. Daniel é uma das poucas exceções. Foi um dos permaneceu trabalhando. Ele é responsável pela eletricidade que refrigera as câmaras frias. Todos os dias faz inspeção nos equipamentos.Celino também se sente privilegiado. Viu quase todos os colegas perderem o emprego. Ele ficou. Agora passa horas fazendo manutenção na sala de cortes pra evitar que a ferrugem tome conta do maquinário parado.Mais de 2 mil funcionários que trabalhavam nos frigoríficos e indústrias de laticínios aqui no sul do estado estão sem trabalho há quase 5 meses. Mas o número de desempregados é bem maior. Isto porque muitas pessoas prestavam serviços pra estas empresas sem carteira assinada.No frigorífico parado, carne virou moeda de troca, dinheiro. Como a empresa não tem recursos para pagar todos os 580 demitidos, parte da rescisão está sendo feita com caixas e mais caixas de carne. Joelma tinha R$ 530 para receber, está levando pra casa 100 quilos, mas nenhum deles vai pra panela. A carne vai ser vendida num açougue da cidade.Frigorífico parado significa prejuízo pra muita gente. Sem ter o que fazer os caminhoneiros passam horas conversando. São quase 200 caminhoneiros parados em toda região. É o efeito dominó.Luiz era agricultor, virou leiteiro e há 3 anos vendeu tudo que tinha pra comprar um caminhão. O veículo está financiado em 30 meses e agora que está parado não consegue pagar as prestações, nem as outras contas da casa.De acordo com o secretário de produção e turismo, Dagoberto Nogueira, a previsão é de o estado reaver o certificado de área livre de aftosa em julho. Ele disse ainda que o frigorífico de eldorado já foi autorizado a retomar os abates para o mercado interno.