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sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Polícia de Ribeirão Preto deve indiciar Palocci

28/03/2006 10h47 – Atualizado em 28/03/2006 10h47

Folha de S. Paulo

Se depender do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil de São Paulo o inferno que o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci diz viver está longe do fim.Além do seu indiciamento pelos crimes de formação de quadrilha, peculato, falsidade ideológica e corrupção passiva, o ex-prefeito de Ribeirão Preto também deve ter seu pedido de prisão solicitado à Justiça –assim como os outros investigados no esquema de propina na Prefeitura de Ribeirão.Os policiais e promotores não admitem essa intenção publicamente, mas afirmam em conversas reservadas que vão “buscá-lo” até no exterior, caso seja necessário. O motivo seria a “exemplaridade” da ação. A polícia também não admite, diz estar cruzando informações, mas vinha atrasando a conclusão do inquérito para esperar Palocci deixar o ministério.Além dele, também estão sendo investigados o ex-prefeito Gilberto Maggioni (PT), os secretários de governo Donizeti Rosa e Nelson Colela e a ex-superintendente do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto Isabel Bordini. O departamento controla os contratos de limpeza urbana em Ribeirão, que abasteceriam o esquema de propina.Na semana passada, o delegado Benedito Antonio Valencise pediu a prorrogação de prazo em mais 30 dias. O inquérito foi instaurado em 28 de agosto do ano passado, após o advogado Rogério Tadeu Buratti denunciar suposto esquema de pagamento de propina pela empresa Leão Leão.Palocci sempre negou o recebimento da propina, assim como os outros acusados. O promotor Aroldo Costa Filho afirmou que, com a saída de Palocci do cargo, a investigação será feita de “forma mais tranqüila e mais eficaz”.Valencise não quis comentar a saída de Palocci do cargo, mas disse que reafirmava tudo que disse na CPI dos Bingos, quando apontou o ex-ministro como integrante da suposta quadrilha que fraudava documentos para desviar cerca de R$ 400 mil mensais. “Tranqüilamente [nós vamos indiciá-lo]. Não há dúvida da sua participação. Há provas documentais e testemunhais.”A principal prova da participação de Palocci no esquema de fraude é o depoimento do seu ex-secretário de Governo, Buratti.A relação entre Buratti e Palocci começou em 1992, quando Buratti captou recursos na campanha à prefeitura. Com a vitória, Buratti se tornou supersecretário. Após dois anos, deixou o cargo com o vazamento de gravação em que negociava a distribuição fraudulenta de obras com empreiteira.Anos depois, Buratti assumiu um cargo administrativo na maior empreiteira da região de Ribeirão, a Leão Leão. Chegou a vice-presidente do grupo, onde ficou até 2004. A empreiteira é acusada de pagar propina a Palocci.Palocci e Buratti evitavam serem vistos juntos. O ex-ministro chegou a emitir nota negando até trocas de telefonemas, mas, por fim, admitiu ter hospedado em Brasília o ex-secretário e a família dele “uma ou duas vezes”.Já na “casa do lobby” no Lago Sul em Brasília, Palocci mantém a versão de que nunca esteve. Na lista dos freqüentadores da casa, está o diretor da Fazenda de Ribeirão Vladimir Poleto, que o ex-ministro diz nem conhecer direito. “O Brasil perdeu um grande ministro”, resumiu Poleto ontem.O codinome “chefe” supostamente utilizado para se referir a Palocci na “casa do lobby” também era usado em conversas telefônicas entre seus ex-assessores.Em levantamento feito em 230 interceptações feitas com autorização da Justiça, entre maio e setembro de 2004, Palocci é mencionado sempre como “chefe”.Buratti explicou a conversa em que mencionou o ministro. Trata-se de uma gravação de três minutos, em 3 de julho de 2004, na qual Poleto e Buratti falam sobre outro assessor de Palocci, Ademirson Silva. “Numa conversa com Vladimir, o mesmo me relatava que o Ademirson tinha ligado para que ele marcasse uma audiência com Palocci, tratando-se de negócio de um grupo com o qual ele trabalhava, Monteiro de Castro ou Carvalho; que, conforme já afirmei anteriormente, quando se fala em “chefe”, neste caso trata-se do Palocci”, disse Buratti.

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