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domingo, 14 de dezembro de 2025

Jornalistas paraguaios se dizem perseguidos por mafiosos

29/03/2006 10h08 – Atualizado em 29/03/2006 10h08

Agência EFE

Centenas de jornalistas paraguaios protestaram ontem em Assunção para denunciar a perseguição que sofrem por parte de grupos mafiosos e exigiram efetividade na investigação sobre o desaparecimento de um radialista.Com cartazes onde se lia a frase “Onde está Enrique Galeano?”, desaparecido há dois meses, membros do Sindicato de Jornalistas do Paraguai (SPP) se reuniram diante do Ministério do Interior para pedir à Polícia maiores esforços para encontrar o seqüestrado.O secretário geral do SPP, Julio Benegas, disse que está certo de que há policiais envolvidos no desaparecimento de Galeano, que trabalhava em uma emissora da localidade de Azotey, no departamento (estado) de Concepción.Segundo Benegas, o sindicato também exige o fim da imunidade do deputado Magdaleno Silva, do governamental Partido Colorado, que tem sua base eleitoral na região onde operam grupos de traficantes de maconha.A mulher de Galeano, Bernardina Quintana, afirmou que seu marido, de 41 anos, foi ameaçado de morte no ano passado por Silva, que, segundo a imprensa local, ordenou que a Polícia local vigiasse o radialista.”Assim como temos evidências de que a Polícia está envolvida no caso, temos indicadores claros de que Magdaleno Silva sabe muito mais”, declarou Benegas.Uma investigação realizada pelo SPP e por deputados opositores em Azotey revelou que a população local evita comentar o crime por causa do poder de Silva na região, que, no entanto, afirma que é amigo do desaparecido e que é o mais interessado em que o caso seja investigado.A Polícia ordenou na véspera a troca dos delegados e dos policiais da delegacia local, assim como o envio para Assunção de um dos agentes que declarou à Promotoria que vigiou Galeano, aparentemente sem a ordem de seus superiores.”Silva atua como se estivesse acima da lei. É prepotente, representa a típica figura de um chefão da máfia”, afirmou ao jornal “Ultima Hora” o monsenhor Zacarías Ortiz, bispo da diocese de Concepción e Amambay.Além disso, o sindicato denunciou que o exercício da profissão é perigoso em um país onde as agressões e as ameaças aos jornalistas não desapareceram com a queda do ditador Alfredo Stroessner (1954-89).O SPP citou o assassinato, em 1991, de Santiago Leguizamón, diretor de uma emissora de rádio de Pedro Juan Caballero, cidade fronteiriça com o Brasil, que era considerada um centro de atuação de grupos de traficantes de drogas.Há seis anos foi assassinado Salvador Medina, da rádio comunitária “Ñemity”, em uma região de cultivo de maconha e tráfico de madeira, caso que não tem condenados pela justiça, assim como o anterior.O jornalista Samuel Román, que estava sendo ameaçado por narcotraficantes, também foi assassinado em março de 2004 na localidade de Capitán Bado, que faz limite com Coronel Sapucaia, em Mato Grosso do Sul.

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