07/04/2006 15h47 – Atualizado em 07/04/2006 15h47
Diário MS
No depoimento prestado ontem à noite na Polícia Federal, em Dourados, o cacique Carlito de Oliveira, 58, negou ter ordenado a emboscada aos policiais civis Rodrigo Lorenzatto, 26, Ronilson Bartier, 36, e Emerson Gadani, 33, atacados por índios no sábado à tarde em Porto Cambira (a 20 km do centro de Dourados), quando tentavam localizar o suspeito de um homicídio ocorrido no dia anterior. Rodrigo e Ronilson morreram e Emerson ficou gravemente ferido.
O procurador da Funai Otávio Uchoa Cavalcanti, enviado a Dourados pela presidência nacional da fundação para acompanhar o caso, informou nesta manhã ao Diário MS Online que além de negar ter ordenado o ataque aos policiais, Carlito disse que não participou dos crimes e que também não presenciou os fatos. Segundo o procurador, Carlito disse que estava no acampamento, mas distante do local dos crimes.
A versão apresentada por Carlito de Oliveira contraria o depoimento de cinco dos sete índios que já tinham sido presos pelos crimes. Até o filho de Carlito, Lindomar Brites de Oliveira, teria apontado o pai como o mandante do ataque aos policiais no depoimento que prestou domingo no DOF (Departamento de Operações de Fronteira). Os índios alegam que não sabiam que fossem policiais. Eles afirmam que confundiram os agentes com seguranças de fazendeiros.
Ao contrário do cacique, o índio Ezequiel Valenzuela, conhecido como “Enoque”, que se apresentou junto com Carlito, confessou participação nas mortes dos policiais, segundo o procurador da Funai Otávio Uchoa Cavalcanti.
Carlito de Oliveira prestou depoimento na delegacia da PF, mas o interrogatório foi conduzido pela delegada Magali Cordeiro Pascoal, que preside o inquérito sobre a emboscada aos policiais. Uma índia guarani foi chamada à delegacia para servir de intérprete, já que Carlito de Oliveira se negou a falar na língua portuguesa. Apesar de a Polícia Civil possuir uma escrivã que domina a língua guarani, o procurador da Funai exigiu que a intérprete fosse uma índia.
O cacique e Ezequiel Valenzuela, o “Enoque”, se apresentaram ontem à tarde à Polícia Civil depois de a rendição ser negociada entre a polícia e a Funai.
Carlito só aceitou se entregar com a condição de que seria conduzido por policiais federais e direto para a delegacia da PF. Após os interrogatórios, Carlito e Enoque foram levados ao Hospital Evangélico para exame de corpo de delito. Ainda hoje eles devem ser encaminhados para a penitenciária de segurança máxima Harry Amorin Costa. Outros sete índios acusados de participação no ataque aos policiais já estão no presídio.
O inquérito que apura a morte de dois policiais e os ferimentos ao terceiro agente deve ser concluído hoje. Emerson Gadani teve alta na manhã desta sexta-feira e ainda hoje deve ser ouvido pela delegada Magali Pascoal.




