11/04/2006 08h20 – Atualizado em 11/04/2006 08h20
Terra
O chefe supremo da máfia siciliana Cosa Nostra, Bernardo Provenzano, procurado pelas autoridades italianas há mais de quatro décadas, foi detido hoje, confirmaram fontes judiciais. O capo mafioso, que admitiu sua identidade à Polícia, foi capturado em uma casa de campo situada nos arredores de Corleone, sua cidade natal, situada a poucos quilômetros Palermo, a capital siciliana.Aos 73 anos e foragido da Justiça desde os 30, Provenzano é considerado pelas autoridades italianas como o líder da Cosa Nostra desde 1993, quando sucedeu Salvatore “Toto” Riina após sua prisão. O líder mafioso foi condenado à revelia à prisão perpétua por vários homicídios.Em torno de sua figura de fugitivo se criou, nos últimos anos, uma grande lenda, alimentada pelo mistério de ser um homem “sem rosto”. Apenas as descrições de alguns mafiosos “arrependidos” e um velho retrato dos anos 60 no qual Provenzano aparecia muito jovem permitiram às autoridades sicilianas reconstruir de forma aproximada seu rosto por computador, em uma imagem que foi divulgada no ano passado por toda a Itália em uma tentativa de estreitar o cerco.A Polícia encontrou Provenzano desarmado em uma casa de campo. Ele não resistiu à prisão, segundo os investigadores. Na casa, o chefe mafioso gozava da proteção de alguns “lugares-tenentes” e de seus parentes mais próximos, acrescentaram as fontes. A Polícia também disse que nos bolsos das calças Provenzano levava vários papéis com notas que utilizava para comunicar-se por escrito com seus homens, pois não usava telefone fixo ou móvel para evitar ser interceptado.Após sua detenção, o histórico líder mafioso foi levado de Corleone a Palermo em um helicóptero. A operação foi coordenada pela Polícia de Palermo, pelo Serviço Central Operacional e pela Direção Central Anticrime.A notícia da captura de Provenzano surgiu em meio à ressaca eleitoral que a Itália vive, após o pleito geral de domingo e segunda-feira, sendo imediatamente aplaudida pelos principais líderes políticos. O líder da União dos Democrata-Cristãos (UDC), Pierferdinando Casini, felicitou o ministro do Interior, Giuseppe Pisanu, pelo “golpe decisivo à máfia com a detenção de Bernardo Provenzano”. Na mesma linha, expressou-se sua rival política e representante dos Democratas de Esquerda (DS) Livia Turco, que considerou a operação como “uma grande vitória das instituições e um importante resultado para o país”.O prefeito de Palermo, Diego Cammarata, também mostrou sua satisfação, ressaltando que se trata de “uma boa notícia para todos os sicilianos honestos que querem livrar-se para sempre do câncer da máfia”. O promotor adjunto de Palermo Giuseppe Pignatone e os promotores da Direção Antimáfia Michele Prestepino e Marzia Sabella, que coordenaram a operação, destacaram o “extraordinário resultado do trabalho realizado em silêncio, com paciência e determinação pelas forças da ordem”.A detenção conseguiu desviar a atenção para Provenzano, após uma intensa noite na qual soube-se que Romano Prodi venceu as eleições gerais com uma vantagem mínima sobre o atual primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, que, no entanto, conta com uma cadeira a mais no Senado, mas espera o resultado do voto procedente do estrangeiro.
