20/04/2006 08h08 – Atualizado em 20/04/2006 08h08
Diário MS
Os cerca de 1,4 mil produtores de mandioca do município de Ivinhema estão se reorganizando para tentar conviver com o atual momento por qual passa o setor. O mercado nacional da mandiocultura está estagnado e deverá ser retomado somente no ano de 2009. Há muita oferta e pouca demanda. O produtor e membro da Câmara Setorial Nacional da Mandioca, Jorge Vani do Canto, que reside em Ivinhema, disse que nas reuniões que acontecem a cada 90 dias, em Brasília, a recomendação é para que os produtores reduzam a área de plantio e aumentem a produção. Segundo ele, não há mercado para tanta produção. Em 2002, quanto o preço da tonelada de fécula chegou a R$ 350,00, o Brasil vendeu 780 mil toneladas do produto; em 2004, esse mercado caiu para 550 mil t, e em 2005 para 330 t. Os produtores, animados com o preço, aumentaram a produção, mas não houve o mesmo mercado comprador. A queda no consumo e a conseqüente baixa na venda aconteceu em função da alta da fécula em 2002. Os preços estavam bons para os produtores, mas ruins para o mercado comprador. Com isso, os consumidores procuraram produtos mais baratos como o trigo e o milho. Jorge Vani explica que somente o Mato Grosso do Sul pulou de uma produção de 17 mil toneladas em 2002 para 33 mil t em 2004. A exemplo do MS, todos os Estados produtores de mandioca também tiveram um aumento significativo na produção. O município de Ivinhema é o maior produtor do Estado, com o cultivo de sete mil hectares. A Câmara Setorial chegou a alertar os mandiocultores para reduzirem a área de plantio, pois o mercado não estava sustentando a alta da fécula e tanta produção. A maioria dos produtores não ouviu o recado. O resultado, neste ano, é do preço da tonelada de R$ 80,00, isso devido a grande oferta, pouca demanda de consumidores e a concorrência com produtos mais baratos como trigo e milho. Jorge Vani acredita que em 2007 o mercado da mandioca ainda vai continuar estagnado, podendo começar a reagir somente em 2008. A previsão que apenas em 2009, com o setor organizado, o mercado começará a melhorar. MANUSEIO – Jorge Vani diz que o produtor tem de reduzir a área de plantio e aumentar a produção. O objetivo é simples: em uma pequena área de mandioca, é mais fácil os tratos culturais, que são essenciais. Com isso, se reduz o custo de plantio e se terá uma maior produção, já que é mais fácil trabalhar com prazo de cultivo e nos cuidados culturais. Ivinhema tem a melhor produtividade do Estado, colhendo 33 toneladas por hectare. Neste ano, no entanto, essa média caiu para 27 t./ha, devido à falta de chuvas no final do ano passado. CONQUISTAS – Mas não só de mercado o produtor tem de estar atento, mas sim também na organização através da coletividade. Para isso, os produtores estão se reorganizando. O primeiro passo foi à reativação da associação, que tem como novo presidente Néri Kunhen. Em recente reunião, o prefeito Renato Câmara esteve reunido com os produtores de mandioca. Na oportunidade, foi selado um acordo de sessão de uso de um barracão da Prefeitura de Ivinhema para ser utilizado como depósito dos produtos da mandiocultura. Outra conquista dos mandiocultures, é quando a uma parceria com o Programa Fome Zero do Governo Federal. Nos leilões, através de AGFs (Aquisição do Governo Federal), se conseguiu R$ 30,00 a saca de farinha de mandioca em 2005. A ajuda de custo federal foi de R$ 15,00. Aliás, só de AGFs nos três leilões de 2005 foram R$ 65 milhões. Em nível de Estado, os produtores conseguiram derrubar a pauta de imposto em 75%, e agora eles podem competir de igual com Paraná e São Paulo.