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sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Sunita é eleito presidente do Parlamento iraquiano

22/04/2006 10h58 – Atualizado em 22/04/2006 10h58

BBC Brasil

A Assembléia Nacional iraquiana conseguiu eleger neste sábado (22) um presidente para o Parlamento – o sunita Mahmud Mashhadani – abrindo caminho para a formação do novo governo, depois de quase quatro meses de impasse. “Mahmoud Mashhadani recebeu 159 votos e foi eleito presidente do Parlamento”, anunciou o presidente interino da casa, Adnan Pachachi, na segunda sessão que a assembléia iraquiana realizou, mais de dois meses depois de ter sido eleita. Dos 275 parlamentares, 266 estavam presentes à sessão. Outro sunita, Salah al-Mutlak, chegou a se apresentar como candidato, mas abandonou a disputa antes da votação. Os parlamentares ainda têm, no entanto, que aprovar os titulares de outros cargos mais polêmicos, em especial o de primeiro-ministro. Na manhã deste sábado o bloco xiita – que tem maioria no parlamento – aprovou por unanimidade a candidatura do parlamentar Jawad al-Maliki para o cargo. Impasse A decisão dos xiitas por Al-Maliki já tinha sido preliminarmente anunciada na sexta-feira (21), depois de quase quatro meses de impasse provocado pela recusa do premiê interino Ibrahim Al-Jaafari em renunciar à indicação para continuar no cargo. Na quinta-feira (20), porém, o premiê colocou a candidatura à disposição da aliança, que após passar o dia reunida, se decidiu por Malik, um político que ficou exilado na Síria durante o regime de Saddam Hussein e é pouco conhecido pela população iraquiana. O outro político cotado para ganhar a indicação do bloco xiita era Ali Al-Adeeb, que foi chefe do escritório político do partido fundamentalista Dawa em Teerã, quando ficou exilado na capital iraniana. Os dois são do partido Dawa – o mesmo de Jaafari –, mas têm o apoio de grupos diferentes dentro do bloco xiita e são vistos com reservas por líderes de outras facções. Desilusão O cientista político Aune Al Dari – ex-chefe do setor comercial da embaixada brasileira em Bagdá, que foi fechada em 1990 – diz que a desilusão nas ruas com o processo político é cada vez maior. “Mesmo os grupos mais cultos e educados na sociedade do Iraque não querem mais ouvir falar em política. Essa tentativa de implantar democracia ainda não nos trouxe nada de bom”, reclama. Al-Dari diz que todos os dias há notícias de centenas de seqüestros de iraquianos, tanto por razões políticas como em crimes comuns. “Recentemente foi divulgado um levantamento mostrando que nos últimos três anos 157 professores universitários e 120 médicos foram assassinados nas ruas do Iraque”, diz. “As pessoas estão com medo e só vão de casa paro o trabalho e do trabalho para casa. E com muito cuidado.” Al-Dairi diz que a destruição da infra-estrutura provocada pela guerra – e continuada por ações de insurgentes – também dificulta muito a vida dos iraquianos. “Temos duas horas de eletricidade para casa quatro horas de apagão e isso quando não há ataques (de insurgentes) na infra-estrutura de energia”, diz. Ele diz que a telefones já estão funcionando com boa regularidade mas que o saneamento básico da capital iraquiana ainda não foi recuperado. “O problema aqui é muito grande. Os políticos podem até conseguir escolher um governo, mas as soluções para o Iraque ainda estão muito longe”, disse.

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