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quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Mandioca: produção pode ter queda superior a 50% em MS

25/04/2006 16h32 – Atualizado em 25/04/2006 16h32

Aquidauana News

Segundo maior produtor de mandioca do país, Mato Grosso do Sul pode sofrer uma retração drástica da área plantada na próxima safra (2006/2007), com previsão de queda no plantio superior a 50%. Dois fatores fundamentais estão inibindo os plantadores: preços e dívidas de financiamento acumuladas há dez anos.Para enfrentar esses problemas e tentar resolvê-los, a Associação dos Produtores e Industrializadores de Mandioca de Mato Grosso do Sul (Apimens) está apelando à sensibilidade da União e conta com o apoio da base parlamentar sulmatogrossense. Já foram acionados o deputado estadual Londres Machado (PL) e o deputado federal Vander Loubet (PT), mas a intenção da Apimens é envolver o maior número possível de aliados, informa o presidente da entidade, o ex-prefeito de Ivinhema, Neri Kuhnen.SECURITIZAÇÃO – Os problemas começaram com o plano de securitização em 1996 quando o governo federal comprou do Banco do Brasil as dívidas do financiamento agrícola. Essas dívidas se acumularam e agora a União está cobrando de cada produtor a restituição do valor integral do financiamento, mais os serviços. “É uma dívida impagável a curto ou médio prazo, principalmente porque na época da securitização a mandioca custava R$ 300,00 a tonelada e hoje vale em torno de R$ 65,00”, queixa-se Oswaldo Cardogna, membro da Associação e morador de Ivinhema, município que tem a maior área plantada do produto em Mato Grosso do Sul.Cardogna observa que para conseguir uma saca de 50kg de mandioca o produtor gasta R$ 23,00, mas por essa mesma quan tidade o preço mínimo pago pelo governo é R$ 15,00. O produtor disse confiar na sensibilidade do governo federal e no empenho da bancada, destacando a atenção que o deputado Vander Loubet deu ao problema, sobretudo por sua condição de membro da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.RENEGOCIAÇÃO – Na semana passada, três integrantes da Apimens, Cardogna, Kuhnen e Edson Corrêa da Silva, estiveram em Brasília e foram com Vander à Procuradoria-Geral da União, na expectativa de abrir um caminho para renegociar prazos maiores de quitação das dívidas. A Procuradoria acenou com até 60 parcelas mensais, no máximo, prazo que os produtores consideram insuficiente por causa do volume da dívida. “Nós precisamos plantar, vamos precisar de mais financiamento, mas estamos inadimplentes, não temos crédito. Queremos pagar, porém num prazo que nos permita continuar pagando o que devemos sem deixar de produzir”, assinalou Cardogna.Vander solicitou uma consulta à assessoria técnica da Câmara para buscar maior suporte jurídico ás reivindicações dos produtores e disse que toda a bancada está mobilizada em torno da questão. A Associação pleiteia uma abertura mais ampla do sistema AGF (Aquisições do Governo Federal) para a farinha e a fécula de mandioca. “O sistema em vigor dá, em média, uma aquisição de 83 sacas por produtor. É muito pouco. Precisamos de uma média de pelo menos mil sacas por produtor para sobreviver, pagando as dívidas e continuar plantando”.CRISE – A queda na produção de mandioca em Mato Grosso do Sul vai criar um quadro de crise social e econômica muito grave, alerta Vander. Aproximadamente 20 mil pessoas estão empregadas direta e indiretamente nessa cadeia produtiva que engloba o plantio das lavouras, a colheita e as atividades industriais. A produção estadual, a segunda maior do país em fécula de mandioca, foi de 130.457 toneladas de amido em 2002/03, perdendo apenas para o Paraná. Essa média se manteve na safra seguinte, com aproximadamente 32 mil hectares de área plantada.No Brasil, a mandioca tem 27 milhões de toneladas da raiz produzidas anualmente, com geração de um milhão de empregos. Os principais produtores são agricultores familiares que têm na mandioca o principal produto gerador de renda. Com uma produção anual acima de 170 milhões de toneladas, a mandioca constitui uma das principais explorações agrícolas do mundo. Entre as tuberosas, perde apenas para a batata com sua importância aumentada nos trópicos, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).

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