25/04/2006 10h26 – Atualizado em 25/04/2006 10h26
Daniela Galli
Durante a idade escolar é possível perceber que o aprendizado e a alfabetização de cada criança têm um tempo diferenciado. Enquanto umas processam rapidamente as informações, outras demoram mais e isto é normal. O que os pais precisam saber é que alguns sinais de dificuldades podem evidenciar um distúrbio de aprendizagem que gera diversos constrangimentos às crianças: a dislexia.Ao contrário do que muita gente pensa, este distúrbio não possui nenhum indicativo de pouca inteligência. De acordo com a Associação Nacional de Dislexia, muitas pessoas possuem inclusive elevado grau de inteligência. A fonoaudióloga Tânia Machado explica que não se trata de uma doença. “O cérebro dos disléxicos processa a linguagem de maneira diferenciada”. Tânia diz ainda que o distúrbio é melhor evidenciado na fase de alfabetização.NA ESCOLAOs irmãos Rogério, 23 anos, e Regiani Ferraresi, 25, têm dislexia. Apesar de a mãe perceber a dificuldade que eles apresentaram assim que começaram a falar, o distúrbio só lhe foi apresentado quando ingressaram na escola. Ferraresi conta que escutavam letras diferentes com o mesmo som, por exemplo, “F” e “V”, “P” e “B”, “T” e “D”, “R” e “RR”. Eles não conseguiam diferenciar “faca” de “vaca”; “pode” de “pote”; “bote” de “bode”. “Era impossível escrever sem ver o desenho do que se tratava”, explica.A falta de conhecimento dos educadores, aliada às brincadeiras dos demais alunos tornaram a fase escolar de ambos muito difícil. Ao pronunciar seu nome, Regiani dizia “Rexiani”. “As crianças tiravam sarro”, conta. Ferraresi diz que se irritava, pois os adultos achavam “engraçadinho”. Regiani chegou a ser transferida para uma sala de aula com ensino mais lento, por que uma professora não conhecia a dislexia e confundia com simples erros de ortografia.TRATAMENTOA fonoaudióloga salienta que hoje em dia é possível aplicar diversas técnicas de tratamento que melhoram os níveis de leitura dos disléxicos, embora não seja possível generalizar. “O diagnóstico da dislexia é feito por uma equipe multidisciplinar e há diferentes manifestações do distúrbio”. Tânia explica que em alguns a leitura é mais prejudicada; outros lêem, mas não entendem. Também há pessoas que apresentam dificuldades na escrita e na compreensão. O tratamento de Ferraresi durou oito anos e o de sua irmã cinco. Atualmente, nenhum deles tem tanta dificuldade, embora tenham que pensar antes de escrever ou pronunciar algumas palavras. Felizmente não tiveram o ensino prejudicado. “Estudamos em escolas normais e concluímos faculdades públicas”, finaliza. Foto –