28/04/2006 09h54 – Atualizado em 28/04/2006 09h54
Agência Estado
Bruto é o nome do rottweiler que anteontem à tarde iniciou o ataque à doméstica Maria de Fátima Parra Santos, de 49 anos. Sara, mãe de Bruto, juntou-se ao filho. E os cães deixaram suas marcas nas pernas e no baço de Maria de Fátima. A doméstica chegou ao pronto-socorro central de Embu das Artes em estado grave. Morreu na madrugada de ontem, sete horas depois de atacada.Maria de Fátima morava na Rua da Amizade, uma área pobre de Embu. Estava desempregada e havia perdido o marido, vítima de uma doença grave, há dois anos. Tinha quatro filhos, três mulheres e um rapaz. Mary Nery Parra de Oliveira Santos, 24 anos, é a filha do meio. Segundo Mary, foi sua mãe quem criou os cachorros que a mataram. “Sara e Bruto eram da família, viviam soltos no quintal de casa.”Centro de Controle de ZoonosesSara foi um presente do genro da doméstica. Estava já com quatro anos. Bruto nasceu no início do ano passado e recebia os mesmos cuidados que a mãe. A princípio, segundo a filha, os cães pareciam carinhosos. “A gente gostava deles.”Mas, semana passada, a caçula de Maria de Fátima, Merylin Parra de Oliveira Santos, 14 anos, foi atacada por Bruto. “Minha mãe conseguiu controlar o cachorro”, prossegue Mary. Depois disso, a filha conta que a família chegou a ligar para a Prefeitura de Embu. Queriam que funcionários do Centro de Controle de Zoonoses fossem buscar os cães. “Eles não vieram”, lamenta Mary.Ainda no dia de sua morte, por volta das 15h, Maria de Fátima voltou a ligar para a Prefeitura de Embu. “A gente queria que eles viessem logo.” Depois da ligação, a doméstica saiu de casa. Voltou mais ou menos às 18h30 e foi alimentar os cachorros. “Ela segurou o Bruto para encher o prato da Sara”, conta Mary. “Mas o cão se revoltou. Depois veio a Sara também.”Rua escuraSegundo Mary, a rua estava escura. A iluminação se apagara. Naquela hora, só Merylin estava em casa. “Minha irmã ajudou”, afirma Mary. Segundo ela, depois de acudida pela filha, Maria de Fátima conseguiu alcançar um pedaço de madeira e deu umas pauladas na cabeça de Bruto.”O cachorro soltou a perna da minha mãe e a Merylin a puxou para a escada.”Maria de Fátima ficou trancada em casa até a chegada do Corpo de Bombeiros. Bruto e Sara estavam no quintal, e os homens do resgate tiveram que tirar a doméstica de sua sala pelo telhado do vizinho. Ela chegou no hospital e passou as últimas horas acompanhada pela filha caçula. Mas não resistiu: morreu por volta de 1h.Depois de ser informada da morte da mãe, Mary lamentava a demora da Zoonoses. E Merylin entrou em estado de choque. Lá pelas 3h, sedada, num sofá da delegacia da cidade, onde o caso seria registrado, a caçula repetia palavras como se Bruto ainda estivesse na sua frente, atacando sua mãe.
