29/04/2006 07h55 – Atualizado em 29/04/2006 07h55
Folha de São Paulo
Fora de atividade desde que foi confirmado o primeiro foco de aftosa em Mato Grosso do Sul, há quase sete meses, o frigorífico Boifran, em Eldorado (MS), retomará os abates de gado a partir da próxima semana. Segundo o gerente comercial do frigorífico, Marcos Ramalho, a retomada das atividades será lenta, pois a empresa se descapitalizou durante a paralisação. Antes da crise, eram abatidas em média 550 cabeças de gado por dia. Agora, serão abatidas 250. O frigorífico permanecerá comercializando carne sem osso, como já fazia antes da confirmação da doença. Desde ontem, começou o processo de admissão de 250 dos 615 empregados que trabalhavam na empresa. O frigorífico só não irá vender para Santa Catarina, que é zona livre de aftosa sem vacinação, e para o Rio Grande do Sul. A direção da empresa disse que não calculou o prejuízo com a paralisação nem decidiu se irá buscar ressarcimento na Justiça. Apesar da liberação da carne industrializada, estão sob embargo a venda de leite e gado vivo, que são vetores de transmissão da doença. Para a prefeita Mara Caseiro (PDT), a situação financeira do município começa a melhorar. “Mas ainda estamos numa situação [financeira] difícil, com reflexos até o final do ano”, disse. A arrecadação fiscal do frigorífico representava 40% da receita municipal. Pequenos produtores de leite de Eldorado disseram que estão desde dezembro sem receber a indenização paga pelo Estado pela não-comercialização do leite durante o embargo. A bolsa-leite, como foi apelidada, pagaria até R$ 600 por mês. Sem renda, os produtores não estão conseguindo pagar as parcelas do financiamento rural. “Atrasamos as parcelas e ficamos com o nome sujo. Veja só que triste foi isso [embargo] para nós”, disse Maria Juraci da Cruz. Segundo ela, a família está vivendo da plantação de mandioca e da criação de galinhas.