03/05/2006 15h04 – Atualizado em 03/05/2006 15h04
Folha online
As geleiras do platô Qinghai-Tibete, no oeste da China, estão derretendo à espantosa taxa de 7% ao ano por causa do aquecimento global, informou a Xinhua, agência oficial de notícias do país. A situação pode afetar vários dos principais rios asiáticos, que são alimentados pelo degelo do platô.O dado vem de medições feitas por 681 estações meteorológicas ao longo de quatro décadas. De acordo com Han Yongxiang, do Escritório Meteorológico Nacional da China, a temperatura do altiplano subiu 0,9 graus Celsius desde os anos 1980. Dong Guangrong, da Academia Chinesa de Ciências, disse à agência Xinhua que o derretimento dos glaciares pode transformar a vegetação rasteira que hoje cobre a região tibetana num deserto.É uma má notícia para os habitantes das regiões mais populosas do país, que já sofrem há tempos com os efeitos da desertificação. O desmatamento e a seca têm se juntado para criar grandes tempestades de areia, como as dos últimos dias 16 e 17, que jogaram sobre Pequim o equivalente a 330 mil toneladas de areia. A poeira chegou até a Coréia do Sul e o Japão.Segundo a Xinhua, o governo chinês deve lançar em breve um serviço de “previsão do tempo” dedicado apenas às tempestades de areia.A intensificação do degelo no platô dá um peso ainda maior ao problema, uma vez que a área responde por 47% das geleiras chinesas e cobre 2,5 milhões de quilômetros quadrados. O governo chinês está tentando enfrentar o desafio por meio do plantio de árvores, com a intenção de formar cinturões em volta de cidades e deter a desertificação. Mas já admitiu que o país terá de conviver com as tempestades.Emissões sobemA emissão de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global e gerados pela queima de combustíveis fósseis, aumentou cerca de 1,25% no mundo entre 2004 e 2005, indica um levantamento feito pela Noaa (Administração Nacional dos Oceanos e da Atmosfera, na sigla inglesa), órgão do governo americano.O aumento, embora modesto segundo a Noaa, é motivo de preocupação. A maior parte dos cientistas concorda que, nas condições atuais, o ideal seria reduzir radicalmente as emissões dessas substâncias, como o gás carbônico. O composto, da mesma forma que o metano e outros gases, retém o calor gerado pela luz solar perto da superfície da Terra, impedindo que ele escape para o espaço. Os Estados Unidos, principal emissor de gases-estufa, não ratificou o Protocolo de Kyoto, criado para reduzir a geração das substâncias.