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domingo, 14 de setembro de 2025

ARTIGO – Brasil desarmado – Miriam Leitão

04/05/2006 14h57 – Atualizado em 04/05/2006 14h57

Globo.com

Miriam Leitão: na reunião em Puerto Iguazú, só vão sair palavras vazias. O presidente Lula preparou tudo para entregar o jogo, como ele tem feito desde que essa crise com a Bolívia começou. O Brasil armou hoje o jogo para perder. Da reunião em Puerto Iguazú, com os presidentes da Venezuela, Bolívia e da Argentina, só vão sair palavras vazias. O presidente Lula preparou tudo para entregar o jogo, como ele tem feito desde que essa crise começou.Ele não poderia aceitar a presença de Hugo Chávez. Chávez foi a La Paz, deu apoio a Evo Morales e os dois estão indo juntos. É uma armadilha. Chávez é conselheiro de Morales.A reunião de hoje é mais um erro da diplomacia brasileira – erro primário, na opinião de ex-embaixadores. Ontem eu falei com o embaixador Rubens Ricupero, que se disse indignado com a fraqueza da reação brasileira. Ricupero disse o seguinte: “Nunca fomos assim tão fracos. Nunca aceitamos negociar quando o outro lado está em uma posição de força. Nunca fizemos confusão ideológica na política externa”.Não são só os especialistas os críticos à forma como o Brasil vem conduzindo a situação. Empresários em São Paulo estão preocupadíssimos. Eles voltaram a dizer que estão suspendendo planos de investimento. Um deles falou de um investimento de R$ 40 milhões, agora, na gaveta.É um problema concreto: a indústria cresceria usando o gás da Bolívia, porque já migrou para o gás, e isso custa caro. Lucien Belmonte, da Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro), me contou que há cinco anos a Petrobras pediu à indústria de vidro que passasse para o gás natural.Ela fez isso, e hoje 95% da produção de vidro do Brasil usa o gás da Bolívia. Para a indústria paulista crescer, precisa que a Petrobras invista na Bolívia para aumentar a oferta de gás. Mas a Petrobras avisou ontem que não vai mais investir – e é claro que não pode mesmo.O embaixador Ricupero lembra que a Petrobras foi para a Bolívia para cumprir acordos negociados de estado a estado. Portanto, segundo o embaixador, o que a Bolívia está rasgando não é o contrato com uma empresa: é um acordo com o Estado brasileiro.

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