10/05/2006 10h54 – Atualizado em 10/05/2006 10h54
Dourados News
Pelo menos 60% da demanda por armazenamento de grãos produzidos no Mato Grosso do Sul não é atendida pela estrutura existente no Estado. A afirmação é do atual secretário e candidato único à presidência da Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), Ademar da Silva Júnior, durante palestra proferida esta semana para acadêmicos de Administração da Faculdade Mato Grosso do Sul (Facsul).De acordo com Ademar, a situação deficitária em termos de armazéns se complica ainda mais diante do quadro de ausência de incentivos para que houvesse uma multiplicação de unidades: “as linhas de crédito para armazéns particulares, por exemplo, não cobrem 20% dos custos de construção e implantação”. Ele apresentou o quadro também deficitário do agronegócio brasileiro no que se refere ao elo produtor rural.”Se nos quatro primeiros meses deste ano os 11 principais produtos da balança comercial do agronegócio renderam US$ 7,6 bilhões o que é 9% superior ao movimento no mesmo período do ano passado, é certo que tem gente ganhando dinheiro; o produtor, no entanto, não consegue fechar suas contas”, frisou.Ademar citou o exemplo da soja, cujo custo de produção, por hectare, está hoje entre R$ 1,2 mil e R$ 1,3 mil. “Com uma produtividade em torno de 40 sacas por hectare e um preço da saca a R$ 20, o rendimento por hectare, ao produtor, é de aproximadamente R$ 800. Isso equivale a um prejuízo de até R$ 500 por hectare; ninguém suporta isso por muito tempo”, alertou.O dirigente da Famasul também explicou aos acadêmicos alguns dos problemas que resultaram na atual crise no meio rural brasileiro. Além das doenças, pragas e perda de produção por problemas climáticos, ressaltou as questões que poderiam ser resolvidas através de uma “política agrícola eficiente” que, segundo ele, inexiste no Brasil. “Temos uma taxa de câmbio desfavorável, ausência de infra-estrutura principalmente em logística, o custo Brasil é alto, a taxa de juros é elevada e penamos por uma surpreendente ausência de um seguro de produção eficiente”, diagnosticou.