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sexta-feira, 23 de maio de 2025

Carta psicografada ajuda a absolver acusada

30/05/2006 08h06 – Atualizado em 30/05/2006 08h06

Terra

Uma carta de uma vítima de assassinato, que foi psicografada num centro espírita de Porto Alegre (RS) um ano e meio depois do crime, foi aceita como uma das provas que ajudaram a inocentar sua ex-amante, acusada de ser a mandante do crime. O julgamento, que durou cerca de 20 horas, teve resultado de cinco a dois favorável à absolvição.
A promotora e o advogado de acusação tiveram acesso à carta três semanas antes do julgamento, mas não a contestaram. No julgamento, tentaram impugnar o documento, mas sua leitura foi ouvida pelos jurados. O outro acusado do crime fora condenado no ano passado e está cumprindo a pena de 15 anos de prisão.

Ercy da Silva Cardoso, 71 anos, foi assassinado com dois tiros em sua casa na cidade gaúcha de Viamão (RS) em 1 de julho de 2003. Um dos trechos da carta, datada de 22 de fevereiro de 2005, diz que “o que mais me pesa no coração é ver a Iara acusada deste feito por mentes ardilosas como a dos meus algozes. Por isso tenho estado triste e oro diariamente em favor de nossa amiga para que a verdade prevaleça e a paz retorne aos nossos corações”.

Não consta das cartas, psicografadas pelo médium Jorge José Santa Maria, da Sociedade Beneficente Espírita Amor e Luz, uma suposição sobre a real autoria do assassinato. O marido da ré, Alcides Chaves Barcelos, era amigo da vítima. A ele foi endereçada uma das cartas. A outra foi para a própria ré. Foi o marido quem buscou ajuda na sessão espírita. Iara Marques Barcellos, 63 anos, amante de Ercy até 1996, foi acusada de ter ordenado que o caseiro Leandro Rocha de Almeida cometesse o crime. Ercy era tabelião em Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre. A carta foi dirigida ao marido de Iara, Alcides Barcellos.

“Decidi juntar a carta aos autos porque os jurados julgam por convicção íntima e sem motivação, baseados em sua sensibilidade, e não precisam fundamentar as decisões. Uma carta psicografada, para alguém que é espírita, é fundamental. Não sei se havia alguém espírita entre os jurados, mas no meu entendimento a carta foi decisiva para a absolvição da minha cliente”, disse ontem o advogado Lúcio Santoro de Constantino, que defendeu Iara, ao jornal O Globo.

“Não sei se a carta realmente pesou na decisão dos jurados. Não era uma prova isolada e não havia só essa evidência em favor da ré. Minha impressão é que a prova não foi fundamental para o resultado do julgamento”, disse a juíza Jaqueline Hofler, que conduziu o julgamento.

Ao ser preso em 2003, acusado de matar seu patrão, Leandro Almeida acusou Iara de o ter contratado por R$ 20 mil para dar um susto em Ercy, o que foi negado por Iara. Ela teve, porém, a prisão preventiva decretada. Ficou detida até 2005 e foi solta por erros processuais. Em seu último depoimento em juízo, o caseiro alterou seu depoimento e disse que a ex-amante do tabelião não participara do assassinato.

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