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quinta-feira, 12 de junho de 2025

Touro Bandido agora tem seis clones

28/06/2006 16h09 – Atualizado em 28/06/2006 16h09

Rio Preto News

Uma experiência inédita na América Latina garantiu o nascimento de seis clones do touro Bandido, conhecido nacional e internacionalmente como o touro número 1 do mundo e um mito do rodeio brasileiro. No último dia 21, nasceram quatro animais a partir da clonagem de embriões congelados em um único procedimento. “A clonagem bovina no Brasil não é inédita, mas esses quatro filhotes são frutos de embriões congelados, resultado nunca antes obtido na América Latina”, afirma o veterinário José Carlos Ereno Junior, diretor comercial da Cyagra, empresa responsável pelo desenvolvimento dos clones.Outros dois clones nasceram no dia 7 de junho pelo processo convencional de clonagem (embriões a fresco). A diferença de tempo entre os dois lotes de gestações deve-se ao excelente resultado conseguido pelos técnicos na produção de embriões. “A produção foi tão boa que no dia da transferência não havia um número de reprodutoras suficiente para receber todos os embriões, por isso, resolvemos congelar e enxertar em seguida”, explica o veterinário.Todos os bezerros foram frutos de parto normal. Durante o procedimento, não apresentaram problemas respiratórios, bastante comuns em clones. “Desde o primeiro momento, já começaram a mamar e em menos de duas horas após o nascimento conseguiam ficar em pé. Até agora, nenhuma anormalidade foi detectada nos filhotes”, garante José Carlos.Para surpresa dos técnicos, em uma das gestações nasceram gêmeos, um procedimento considerado “raríssimo” pela equipe de veterinários. Até hoje, existe apenas um caso de nascimento de clones gêmeos nos Estados Unidos. O veterinário explicou que o procedimento em clones é raro porque é semelhante ao processo de gêmeos idênticos, com a diferença que a membrana que envolve o embrião do clone já possui um rompimento, por isso, é difícil haver divisão das células para gerar um gêmeo. “Ficamos surpresos com o nascimento, mas está tudo muito bem com os filhotes. A mãe aceitou os dois filhos, o que também não é muito comum no mundo animal”, disse. Os animais serão entregues ao proprietário, Paulo Emílio Marques, depois de 60 dias do nascimento. Uma equipe de técnicos está monitorando os bezerros, que vão passar por exames sanitários, funcionais e até uma tipificação do DNA. “Vamos fazer uma comparação entre o material genético deles e o de Bandido para comprovar que são realmente clones do touro. A confiabilidade do exame é de 99,99%”, conta o veterinário.Para ele, a apresentação dos animais vai derrubar alguns mitos em torno da clonagem. “Muitas pessoas têm medo de consumir produtos derivados de animais clonados, como carne e leite. Nos Estados Unidos, os produtos passaram por rigorosos exames e foram liberados pela Food Products Association (FPA), que comprovou a ausência de riscos para a saúde humana”. Até o mês de julho será baixada uma normativa liberando o consumo de produto derivados de animais clonados. Os clones foram criados a partir de um fragmento da pele de Bandido. “Utilizando esse tecido, desenvolvemos uma linha de cultivo celular. Com a linha em crescimento, isolamos um fibroblasto, que é a única célula a crescer durante o cultivo. Retiramos o núcleo dessa célula e implantamos no ovócito de uma vaca de matadouro. Em seguida, ele recebeu uma descarga elétrica para estimular a fusão e a divisão celular. O processo levou oito dias. Depois disso, avaliamos os embriões viáveis para serem implantados nas vacas”, explica José Carlos. As receptoras passam por um rígido processo de seleção, que inclui exames, vacinas e a aplicação do hormônio Prostaglandina, que induz o animal ao cio. No caso da clonagem de Bandido, o hormônio foi aplicado dez dias antes da transferência dos embriões. “Após 30 dias, fizemos o primeiro diagnóstico de prenhez por meio de palpação retal. As gestantes foram isoladas em um único lote e, mensalmente, passavam por exames sanitários e de toque para termos certeza que não haviam perdido as crias. O acompanhamento foi feito até o oitavo mês. No nono, elas foram colocadas em baias individuais, onde recebiam feno e ração para terem boas condições durante o parto. Os animais nasceram após 285 dias de gestação”, detalha o veterinário. Clonagem é opção para continuidade genéticaAlém de prolongar a fama de bovinos “celebridades”, a clonagem também pode ser uma saída para manter a continuidade da linhagem genética de reprodutores. Com um simples fragmento da pele, é possível produzir vários animais com a mesma carga genética do original. Pensando nisso e aproveitando o sucesso da novela América, o proprietário do Touro Bandido, Paulo Emílio Marques, optou pelo processo para garantir a continuidade do sucesso do personagem. O procedimento, segundo o empresário, foi a forma mais segura para preservar a genética do animal. “Ele é um touro diferenciado dos demais, não só na estrutura física, mas também na índole”, disse o proprietário. Paulo Emilio refere-se à bravura do animal e à fama de invencível nas arenas. O pêlo do animal também possui características raras: ele tem a cara branca, uma camada uniforme de pêlo preto e todo o corpo marrom. Bandido também tem estrutura muscular e peso superior aos demais touros. Pesa aproximadamente 1.050 quilos, enquanto comumente os touros de rodeio pesam entre 800 e 900 quilos. Produzir clones também pode ser de grande valia para suprir a demanda pelo sêmen dos animais. “Alguns touros em centrais de reprodução não conseguem dar conta dessa demanda. Como os clones têm o mesmo potencial reprodutivo dos animais ‘originais’, a produção é garantida. No caso das fêmeas, algumas grandes reprodutoras estão em final de carreira ou apresentam problemas reprodutivos nesse período. Um clone nessa hora seria fundamental”, afirma o veterinário José Carlos. Além de Bandido, outros grandes reprodutores também estão em processo de clonagem pela empresa. “Temos outros animais da raça Nelore clones de ‘celebridades’ como o Bandido. Nove deles já nasceram e um deve nascer no início de julho”, conta o veterinário. Cada clone do touro Bandido está avaliado em cerca de R$ 60 mil, preço pago pelo procedimento. “Quando o animal possui um alto valor genético, vale a pena clonar. Afinal de contas, é mais garantido comprar um animal com potencial comprovado, já que esse potencial é idêntico ao do animal original. Já temos exemplos que atestam isso”, diz José Carlos.

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