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segunda-feira, 17 de junho de 2024

Gasoduto opera com capacidade máxima pela 1ª vez

20/09/2006 10h12 – Atualizado em 20/09/2006 10h12

Folha de S. Paulo

Inaugurado há mais de sete anos, o gasoduto Bolívia-Bolívia operou ontem pela primeira vez na sua história com a capacidade máxima de 30 milhões de metros cúbicos (m3) diários previstos no contrato. A informação, da Superintendência de Hidrocarbonetos da Bolívia, foi confirmada pela Petrobras. Ontem à tarde, o fluxo do gasoduto havia chegado a 31,5 milhões de m3, somando a capacidade plena do contrato mais o gás do sistema de abastecimento. A média deste ano, segundo a Petrobras, é de cerca de 26 milhões de m3 diários. O recorde deve ganhar um valor simbólico nas atuais negociações entre os dois países sobre o preço do gás. O governo boliviano, que quer um reajuste para cima, costuma ressaltar a dependência que o Brasil tem do produto. Na sexta-feira, em entrevista, o presidente Lula disse que, se o Brasil parar de comprar o gás, os bolivianos “vão sofrer mais que nós”. Com 570 quilômetros do lado boliviano e 3.150 quilômetros de Corumbá (MS) a São Paulo (SP), o gasoduto Brasil-Bolívia é o maior projeto de gás natural construído na América Latina, mas foi bastante subaproveitado nos primeiro anos. No primeiro ano, a média diária foi de apenas 2,14 milhões de m3 diários. Em 2003, o volume diário médio saltou para 11 milhões de m3 por dia. Desde então, constante aumento do preço dos derivados de petróleo têm favorecido o uso do gás natural no Brasil. “O recorde de hoje [ontem] significa que, tecnicamente e comercialmente, a relação entre a Petrobras e a YPFB está funcionando com plena normalidade”, disse o diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer. Segundo ele, o volume máximo de ontem ocorreu devido a uma solicitação por mais gás às usinas termelétricas vinda do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). Sauer ressaltou que o gasoduto conseguiu operar em capacidade máxima ontem apesar de acidente ocorrido no lado boliviano do duto ainda não ter sido totalmente reparado. “Apesar da previsão de os reparos só ficarem prontos em novembro, estamos operando em plena capacidade. Isso demonstra o esforço das duas partes para cumprir plenamente o contrato. Isso é um paradigma ótimo para dizer que as coisas estão absolutamente normais do ponto de vista técnico e comercial”, disse Sauer à Folha, por telefone. Questionado se esse recorde significa que o Brasil não vive sem o gás boliviano, Sauer disse que “é um retrocesso achar que a interdependência, construída adequadamente e em bases sólidas, é prejudicial. Ao contrário. Toda interdependência energética e econômica traz benefícios para os dois lados. Ela tem de ser equilibrada”, disse o diretor da estatal. Sauer afirmou também que a crescente demanda por gás boliviano não traz riscos ao país por causa do plano de contingência da Petrobras. “Se por acaso acontecer um acidente que suprima todos os 30 milhões de m3 diários da Bolívia, já temos um plano de contingência que permite garantir o suprimento, apesar de em condições menos econômicas.” Conhecido por GSA (Acordo de Fornecimento de Gás, na sigla em inglês), o contrato prevê o abastecimento diário de 30 m3 até 2019.

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