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quarta-feira, 25 de junho de 2025

Polícia toma o Alemão e mata 19

28/06/2007 10h01 – Atualizado em 28/06/2007 10h01

O Dia

Cerca de 1.350 policiais civis, militares, federais e da Força Nacional de Segurança fizeram ontem a maior operação dentro do Complexo do Alemão desde 2002, na caçada ao traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, assassino do jornalista Tim Lopes. O objetivo, dessa vez, era prender os homens que controlam a maior e mais bem armada quadrilha do Rio. Apesar do cerco, o principal alvo, Antônio José de Souza Ferreira, o Tota, escapou. Nos confrontos, que duraram mais de oito horas, pelo menos 19 pessoas morreram e nove ficaram feridas — oito delas baleadas. Após 57 dias de operações diárias — desde que dois PMs foram executados em Oswaldo Cruz, em 2 de maio —, a Secretaria de Segurança Pública traçou plano para tentar, além de prender traficantes, enfraquecer o bando apreendendo suas armas. Deu certo. Em dois esconderijos estourados na localidade Travessa 2, na Favela da Grota, em Ramos, os policiais encontraram paiol com 13 armas, sendo três fuzis, duas metralhadoras ponto 30 (capazes de derrubar helicóptero), cinco pistolas e bombas. Depois, localizaram 150 quilos de drogas. Duas pessoas foram presas. OITO ESCOLAS SEM AULA Em meio ao fogo cruzado, as crianças acabaram prejudicadas. Oito escolas fecharam, deixando 5.851 alunos sem aula, segundo a Secretaria Municipal de Educação. Uma das vítimas inocentes baleadas, inclusive, foi atingida na perna esquerda dentro da Escola Heitor Lira, na Rua Cuba, Penha. Karen Cristina Batista, 20 anos, foi atendida no Hospital Getúlio Vargas (HGV) e liberada em seguida. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, lamentou que alguns inocentes tenham ficado feridos nos tiroteios. Mas classificou a operação como “um remédio amargo”. E justificou: “As pessoas têm que optar se querem que fiquem sem tiros, em determinadas favelas, mas à mercê do tráfico ou que a polícia entre e expulse os traficantes”. Os moradores também reclamaram que alguns transformadores foram estourados pelos tiros, o que deixou parte do Alemão às escuras. O comércio ficou completamente fechado durante todo o dia. Apesar de o número oficial de mortos ser de 19, a polícia acredita que 21 bandidos possam ter morrido. Alguns já haviam sido identificados ontem à noite, mas apenas pelos apelidos: Marcelinho, Léo, Petruk e Menor. Todos seriam seguranças de Tota. À noite, depois que a polícia desocupou o morro, motorista de uma Kombi foi parado na esquina da Rua Canitar por grupo que o obrigou a colocar seis corpos no veículo. O motorista foi forçado a fazer o transporte até a 22ª DP (Penha), onde foi orientado a seguir até o Hospital Getúlio Vargas. Três corpos já haviam sido identificados: Bruno Rodrigo, 22 anos, Eduardo dos Santos, 18, e Vanderson Gandra Ferreira, 27, que seria motorista de lotada. Os policiais tentam confirmar se entre os mortos está Jairo César da Silva Caetano, o Gerinho, maior assaltante do Rio. Foi ele quem atacou o Bingo Botafogo e roubou 90 armas da equipe de produção do filme ‘Elite da Tropa’, ano passado, no Leme. Foram presos: Vagner Arruda Gazeta, 36 anos, gerente de Tota, e Fagner Rosa da Silva, 26. 13 armas e 150 quilos de drogas Esta foi a segunda megaoperação envolvendo as três forças policiais no Complexo do Alemão este ano. Ao todo foram apreendidas 13 armas — mais do que em 6 de março, quando foram recolhidas metralhadoras ponto 30, 10 mil balas de fuzis e drogas. Dessa vez, o resultado também mostrou o poder de fogo do bando comandado por Tota, que perdeu mais duas metralhadoras ponto 30 e três fuzis calibre 7.62 — um AK-47, um G3 e um Para-FAL. Foram encontradas submetralhadora, Pistol-Uzi, cinco pistolas, revólver calibre 38, lança-rojão, rojão, cordel detonante (espécie de pavio), 50 dinamites em gel, saco de pólvora, 10 caixas e saco de espoleta e quatro morteiros. Moto modelo R1, avaliada em R$ 70 mil, foi aprendida. E ainda 115 kg de maconha, 30 kg de cocaína, três quilos de crack e seis frascos de lança-perfume. MUITAS BAIXAS A ação entrou para a história das mais sangrentas operações. Dois confrontos também marcaram pelo número de mortes que resultaram. Em 2003, a caça ao traficante Robson André da Silva, o Robinho Pinga, em duas favelas — Rebu e Coréia, em Senador Camará — acabou em 14 mortos, incluindo dois policiais. Em 1994, 110 policiais mataram 13 homens na Favela Nova Brasília, Alemão. Um dos mortos levou tiro em cada olho, sinal de execução. A ação teria sido resposta a ataque a delegacia.

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