28/06/2011 17h14 – Atualizado em 28/06/2011 17h14
Praça Brasil vira “casa” para moradores de rua
Situação se alastra há meses e muda a paisagem de um dos cartões postais de Nova Andradina
Nova News
Entre duas realidades. É assim que Nova Andradina se encontra nos últimos meses. De um lado, pessoas que por adversidades da vida encontram-se às margens da sociedade, muitas vezes privadas de hábitos simples. Sem alimentação regular, higiene e abrigo contra o clima. Do outro, a população que convive com o medo de transitar por um local que outrora era visto como um ponto de encontro da família e hoje transformado na “casa” de moradores de rua.
A Praça Brasil, localizada no centro da cidade, foi por anos um retrato positivo do município, sendo tratada como um cartão postal de Nova Andradina.
Foi ali que muitos dos moradores mais antigos do município tiveram seu primeiro contato com a televisão. Naquela praça foi que muitos saborearam seu primeiro lanche ou assistiram seu primeiro show ao vivo. Também é lá que anos atrás foi inaugurado o primeiro e único chafariz de Nova Andradina, hoje desativado.
Com o passar dos tempos, a Praça Brasil perdeu espaço para novos e modernos prédios. A tecnologia, a legislação entre outros fatores contribuíram para que o local fosse deixado de lado e se tornasse uma fotografia do abandono.
Atualmente, moradores de rua de diversas cidades brasileiras vivem por ali e se abrigam seja do frio, da chuva ou do sol embaixo do que alguns dizem ser uma concha acústica. Hoje o chafariz é usado como um “varal de roupas” pelos ocupantes da praça.
O medo da população em transitar pelo local aumentou depois que a Praça Brasil foi protagonista de uma tragédia cercada de mistério. Infelizmente, não era encenação.
Waldir Pereira, de 34 anos, morreu após ser espancado dentro do banheiro público, também desativado. Ninguém foi preso e a Polícia ainda investiga o caso.
Secretaria procura familiares
Para a secretária de Assistência Social de Nova Andradina, Maria Eugênia Andreassi, o assunto é delicado. “Nós, através da Assistência Social e do CREAS (Centro de Referência Especializada da Assistência Social) estamos trabalhando com eles, prestando atendimento psicológico e social. Entendemos que a melhor solução é fazer com que eles voltem para suas famílias, pois todos eles tem família em algum lugar”, disse.
Maria Eugênia explica que a secretaria está realizando pesquisas para localizar os parentes destes moradores de rua. Segundo ela, a pasta irá fornecer o transporte para que eles possam retornar as suas cidades.
“Eles afirmam que querem ficar na praça e nós não temos o poder de ordenar a sua saída, pois a praça é pública. Dar casa a eles nós não podemos, pois a prioridade desse benefício é das famílias que moram no município, já existe um cadastro para isso e não podemos quebrar as regras, a Casa do Migrante só pode acolher uma pessoa por três dias, no caso de um viajante, por exemplo, o que também não é o caso deles”, explica.
De acordo com a secretária, essa é primeira vez em 12 anos que se constata a existência de moradores de rua em Nova Andradina. “Embora tenhamos feito um cadastro, não sabemos ao certo quem são estas pessoas e se oferecem algum risco para a população, por outro lado, se não prestamos atendimento, estaríamos indo contra os direitos humanos, que nós tanto prezamos”, afirma.
Segundo ela, a Assessoria Jurídica da Prefeitura Municipal, o Ministério Público e o Governo do Estado já foram acionados para que seja encontrada uma solução. “Tenho certeza que iremos resolver essa situação, pois estamos empenhados neste objetivo”, frisa.