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quinta-feira, 26 de junho de 2025

De peixeiros a empresários da gastronomia premiada

11/06/2012 15h48 – Atualizado em 11/06/2012 15h48

Jovens empreendedores descobrem que o filé dos negócios era levar o peixe para a cozinha

Lagoa da Prata é uma das principais referências da gastronomia de Três Lagoas, primeira cidade do interior do Estado a exportar franquia para a Capital.

Edmir Conceição

Dos vários casos de sucesso revelados ao cabo de uma década de franca expansão econômica de Três Lagoas, um empreendimento chama a atenção pelo exemplo de disposição de luta e persistência – o Restaurante Lagoa da Prata, que se tornou uma das principais referências da gastronomia em Mato Grosso do Sul. Lagoa da Prata é responsável ainda pela inédita franquia do interior para a Capital.

Na segunda metade da década de 1990, recém formados, um agrônomo e um administrador de empresas chegavam a Três Lagoas para ajudar o pai, dono de uma piscicultura a 40 quilômetros do centro urbano da cidade. Hisashi Imada criava peixes em cativeiro e queria ganhar dinheiro com um mini-frigorífico, levando pescado para o mercado paulista. Parte da renda era obtida com o pesque-pague na Vila Haro, que na época estava mais para a zona rural do que para a área urbana.

O negócio parecia lucrativo. Mas os custos cresciam e engoliam a renda. São sete meses para que os alevinos atinjam o ponto de abate. A produção crescia, principalmente de tilápia, pintado e pacu, mas a inadimplência era mais veloz, apesar do perfil familiar da empresa, que não implicava em encargos trabalhistas e sociais. Os filhos de Imada que haviam chegado da Grande São Paulo, formados, foram colocados para trabalhar no manejo e no transporte do pescado até a capital paulista.

Roberto Yassushi Imada, o agrônomo, e Celso Kazuo Imada, administrador de empresas, sabiam que o começo seria difícil, por isso não desanimaram, até que, diante do acúmulo de prejuízos ao longo de sete anos, decidiram mudar de ramo, mas sem abandonar a atividade.

“Fiquei sete anos em cima de um trator, alternando na direção de um caminhão. Entregávamos peixe na capital paulista, era uma luta muito grande, um custo alto e pouco lucro. Com o tempo não deu para agüentar a inadimplência e abandonamos o negócio”, lembra Roberto.

DUBLÊ DE CHEF

À frente de 32 funcionários treinados no próprio restaurante, Celso conta que no seu negócio, restaurante de comida brasileira, a técnica é a percepção. “Observamos o que há por aí e criamos nossos pratos”, diz Celso, que se transformou em uma espécie de ‘chef’. Ele monta os cardápios e treina sua equipe. “Preferimos contratar quem não tem experiência, assim podemos moldá-lo ao nosso sistema”, revela o administrador de empresas.

O Lagoa da Prata nasceu com o propósito de beneficiar a produção própria, mas sempre com o compromisso de prestar um atendimento qualificado, com uma culinária aprimorada, típica brasileira, com especialidade em carnes de peixe. O principal prato do Lagoa da Prata é a “Tilápia com Provolone”. A iguaria concorreu a prêmio e já está patenteada. A patente protege a marca e também a qualidade. Não se pode copiar a receita e distorcer seu sabor característico.

O cardápio foi criado pelo ‘chef Celso”, que confessa fazer experiências de culinária quando está sozinho, depois de observar pratos de restaurantes famosos. “Acho que determinado tempero vai ficar bom misturado a outro produto e experimento. A Tilápia com Provolone nasceu assim [cubo de tilápia e um cubo de provolone de Arapuá].

As combinações de pratos são exclusivas da casa e podem ser apreciadas ao molho, parmegiana, moqueca, empanado, pururuca, sashimi, strogonoff, quibe, grelhado, e outras receitas. Não apenas o sabor, mas também o atendimento fideliza os freqüentadores do restaurante.

“Ninguém espera mais que 15 minutos pelo prato”, diz Celso, que não esconde o que está por traz dessa agilidade, o que foi contado no início da reportagem. A preferência por aprendizes, formados pelo próprio restaurante, que estabeleceu um sistema de atendimento que não atrofia, independentemente do número de pessoas. Todo atendente usa um palm top, ‘economiza uma ida e uma volta ao balcão”.

A HISTÓRIA

Lagoa da Prata cresceu com Três Lagoas nos 10 anos de boom industrial, mas também contribuiu para que a Vila Haro, onde está o restaurante e o pesque-pague, se urbanizasse. Em um rápido balanço, os irmãos Imada reconhecem que o caminho não poderia ser outro. Ao invés de levar o peixe para os mercados, seria mais fácil levar para a cozinha. “A ideia foi boa, mas não pensem que o lucro chegou fácil. Trabalhamos um ano no vermelho depois que abrimos o restaurante”.

Os negócios expandiram e hoje a piscicultura produz 100 toneladas de pescado por ano para atender a própria demanda. Entre 10 e 15 mil pessoas visitam o pesque-pague ao lado do restaurante, mas esse hoje é apenas um acessório do Lagoa da Prata.

Sobre as tentativas de levantar o frigorífico de peixes, Roberto tem lembranças amargas: “Fiquei sete anos em cima de um trator, alternando na direção de um caminhão. Entregávamos peixe na capital paulista, era um custo alto e pouco lucro. Com o tempo não deu para agüentar a inadimplência e abandonamos o negócio”, diz Roberto. O irmão Celso o ajudava no transporte de pescado para São Paulo.

Não bastassem os percalços no transporte e prejuízos eventuais de atividades com produtos perecíveis, os jovens empreendedores ainda amargaram dificuldades em sua nova empreitada. O ramo frigorífico de peixes estava colocando a família em regime falimentar.

Para aproveitar a produção, surgiu a ideia do restaurante. A escolha do nome foi fácil – junção de uma das lagoas da cidade com o nome da fazenda do pai, Córrego da Prata.

PERSISTÊNCIA

Roberto Yassushi Imada, o agrônomo, e Celso Kazuo Imada, administrador de empresas, sabiam que o começo seria difícil, a começar pela localização. O aproveitamento do pesqueiro na Vila Haro, com um restaurante ao lado, demandaria investimentos e despesas. “Foi um ano no vermelho”, repetiu Celso, que na última semana recebeu a reportagem do Perfil News para contar a trajetória de luta e sucesso de sua família.

FRANQUIA

A ideia do restaurante deu tanto certo que hoje Lagoa da Prata é uma das principais referências gastronômicas de Mato Grosso do Sul. O status ganhou mais sofisticação ao ser lançada a franquia do restaurante. A primeira, em Campo Grande, é o novo point da gastronomia da Capital. Em dois anos o sabor e o principal ingrediente dos negócios dos Imada, o atendimento, conqusitaram os paladares dos campo-grandenses.

CRESCIMENTO

A piscicultura do seo Hisashi Iamada se estabilizou depois que passou a fornecer a produção ao restaurante idealizado pelos jovens empreendedores. Há 40 anos em Três Lagoas, Iamada entregou o pequeno pesqueiro na área suburbana, hoje conhecida como Vila Haro, aos filhos Celso e Roberto, que transformaram o local em um atrativo a mais. “Não é forte, mas preservamos para que haja uma opção de lazer e entretenimento aos nossos clientes”.

Conforto é outra palavra-chave nos negócios dos irmãos Celso e Roberto. O cliente tem ambiente climatizado, sala de estar, área privativa, fonte dos desejos e loja de artesanado e bijouterias.

CARDÁPIO

Os pratos do Lagoa da Prata são seletos, mas a cada ano surge uma novidade. Depois da premação pela “Tilápia com Provolone”, franquia na Capital do Lagoa da Prata lançou o a Tilápia Campo Grande. O prato é composto de filé de tilápia grelhado, coberto com vinagre e requeijão cremoso.

Da receita mais simples – filezinho de tilapia empanado – à mais sofisticada, o que prende o cliente é o sabor e atendimento. “Apesar de estarmos aqui atendendo a um grande número de consumidores, procuramos manter o mesmo tempero”

CARDÁPIO DE DAR ÁGUA NA BOCA

A RECEITA DO SUCESSO

Segundo o ‘chef Celso, o sucesso do restaurante pode ser alcançado por qualquer empreendimento, desde que siga a cartilha do bom atendimento e preserve a qualidade de seus produtos. Mas é preciso também apostar no potencial da cidade. Três Lagoas, aos 97 anos, oferece um leque de oportunidades, “basta enxergá-las e investir”. Para o ex-peixeiro e bacharel em administração de empresas, por que o segredo básico é relação custo-benefício, ou seja, trabalhar com algo que seja lucrativo e tenha custos baixos.

No caso do Restaurante Lagoa da Prata, tudo é muito simples, mas num ambiente gostoso. O processo de produção de prato culinário com peixe e queijos em geral consiste de um processo que segue etapas simples de preparo típico com a utilização de filé de peixe enrolado a cubo , de queijo (solidarizados por palito), empanados e fritos, dando forma ao prato também conhecido como “sashimi”.

De acordo com os irmãos Imada, a principal preocupação na hora de definir o cardápio é dar um tom de originalidade, que torne único cada prato servido no Lagoa da Prata. São mais de 25 iguarias servidas com tilápia, pintado ou pacu. As diversas combinações exclusivas da casa podem ser apreciadas ao molho, parmegiana, moqueca, empanado, pururuca, sashimi, strogonoff, quibe, grelhado e outrascombinações.

Além do cardápio variado, um dos diferenciais da casa é o tempo de preparo das iguarias. Em 15 minutos o prato é servido à mesa. O restaurante conta ainda com sistema eletrônico de chama garçom, palm tock e sala de espera para receber os clientes.

O público infantil tem espaço e diversão garantidos no playground, com dois monitores. O Lagoa da Prata ainda dispõe de berçário e fraldário, bem como instalações com acessibilidade para portadores de necessidades especiais.

A estrutura total do restaurante abrange 1.200 metros quadrados, instalado em área utilizada de 10 mil metros quadrados, com estacionamento próprio para cerca de 80 carros. O local comporta até 270 pessoas no restaurante e até cem pessoas na sala de espera.

FASCÍNIO

O cardápio fascina os degustadores justamente pela composição do simples e do sofisticado, preservando sabor e qualidade, que dá o tom da originalidade. O carro-chefe é o filezinho empanado, mas pratos típicos, como a moqueca e o prato premiado no I Salão Internacional de Turismo de Mato Grosso do Sul, sãos tão solicitados quanto os ensopados, pururucas e as carnes vermelhas. “Imaginamos que numa famíliatodos comem peixe, exceto um. Aqui ele vai poder sentar à mesma mesa”, nota Celso Kazuo Imada.

Por essa hipótese nasceram pratos como broto de feijão com carne desfiada, cenoura, cebola, molho especial e cheiro verde.

FONTE DOS DESEJOS

O Lagoa da Prata também tem compromissos socioambientais e culturais. No restaurante há a fonte dos desejos, idealizada pra satisfazer os momentos lúdicos e estimular a solidariedade. As pessoas jogam uma moeda na fonte de água e faz o pedido. Periodicamente as moedas são recolhidas e os valores lançados publicamente e revertidos a uma entidade assistencial. No dia 11 de maio, último rodo na fonte apontou uma receita de R$ 20.050,00, importância que foi destinada à APAE (Associação dos Pais e Amigos do Excepcionais).

Ao entrar e ao sair, o cliente do Lagoa da Prata pode comprar souvenirs. Há lembranças de artesanato com motivos típicos da fauna e flora locais e bijouterias. O espaço é arrendado. O comerciante Antonio Nascimento não reclama do movimento. “Aqui há muitos clientes no restaurante,o que acaba me ajudando, não posso reclamar”.

Restaurante Lagoa da Prata que transformou os irmãos; Roberto Yassushi Imada e Celso Kazuo Imada em empresários bem sucedidos no ramo da gastronomia (Fotos: Ricardo Ojeda)

Celso Kazuo Imada, formado em Administração de Empresas, mas atua como empresário no ramo de alimentos

Bom atendimento e cardápio variado atrai clientes de Três Lagoas e de vários municípios da região, principalmente nos feriados e no final de semana

O agrônomo, Roberto Yassushi Imada deixou de pilotar trator e caminhão para comandar um empreendimento que distribui franquia de interior para a capital do Estado

Padrão - higienização e filetagem da tilápia

De peixeiros a empresários da gastronomia premiada

Cozinheira do Lagoa da Prata - qualidade mantida desde 2001

Com a abertura de franquias, essa marca pode ganhar regiões importantes do Brasil

Roberto (à esquerda) e sua equipe no lançamento da Tilápia com Provolone. (Foto: Arquivo)

Tilápia com provolone, iguaria que conquistou o primeiro lugar na gastronomia do Estado

De peixeiros a empresários da gastronomia premiada

De peixeiros a empresários da gastronomia premiada

De peixeiros a empresários da gastronomia premiada

De peixeiros a empresários da gastronomia premiada

De peixeiros a empresários da gastronomia premiada

De peixeiros a empresários da gastronomia premiada

De peixeiros a empresários da gastronomia premiada

De peixeiros a empresários da gastronomia premiada

De peixeiros a empresários da gastronomia premiada

De peixeiros a empresários da gastronomia premiada

De peixeiros a empresários da gastronomia premiada

Enquanto um frequentador curte uma pescaria no recinto do Lagoa da Prata...

... outros clientes aguardam pacientemente a vez de conseguir uma mesa para almoçar com a família

Quadro com imagens de peixe - cores vibrantes na decoração do Lagoa da Prata.

Filezinho de tilápia empanado frito - o prato mais apreciado no Lagoa da Prata.

Celso Kazuo faz questão de supervisionar o atendimento aos clientes

De peixeiros a empresários da gastronomia premiada

De peixeiros a empresários da gastronomia premiada

Da lagoa da fazenda Córrego da Prata, que originou o nome do restaurante produz por ano cerca de 100 toneladas/ano de peixe que abastece o Lagoa da Prata

Escultura na fonte dos desejos é de metal prateado. Cágados e tartarugas, originais, descansam ao pé da escultura.

Criança observa movimento dos peixes ornamentais no hall de entrada do Lagoa da Prata

Fonte do Desejo já arrecadou mais de R$ 20 mil à  em moedas atiradas pelos clientes. A verba foi destinada à APAE

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