02/03/2013 09h12 – Atualizado em 02/03/2013 09h12
Custos altos, margens estreitas, forte demanda por mão de obra qualificada. O cenário é complexo e o ano não correspondeu dentro das expectativas, mas o recente pacote de incentivos do governo e a busca por melhorias devem trazer novo fôlego para o setor
Ruy Cortez de Oliveira
O setor da construção civil no país alcançou crescimento médio de aproximadamente 4% em 2012. Não é ruim, se considerarmos um ano de avanço modesto na maior parte dos setores e o PIB (Produto Interno Bruto) registrado, mas é menor do que os 4,8% que a construção conquistou em 2011 e frente aos índices dos últimos três anos, quando a expansão do crédito, os programas do governo voltados à moradia e a estabilidade econômica causaram impactos positivos. 2012, no entanto, deixou a desejar. Muitos são os fatores que contribuíram para esse cenário.
Segundo as entidades que representam a construção civil, o desempenho desse mercado foi afetado pela redução de investimentos das empresas de diferentes segmentos, baixo investimento do setor público em infraestrutura, custo elevado da mão de obra e a dificuldade de aprovação de projetos imobiliários em várias cidades que, juntamente com a desaceleração da demanda, resultou na redução do número de lançamentos de moradias.
Olhar pra frente é fundamental. E quando se faz isso, o que as pesquisas realizadas pelas entidades que representam o setor apontam é que para crescer de forma equilibrada, a construção civil precisa melhorar em algumas frentes. Mão de obra, gestão dos custos e industrialização dos processos são os pontos críticos apontados por profissionais e executivos da construção civil. A maioria ouvida nos estudos de tendências para o setor reconhece que é preciso investir em novas tecnologias e, consequentemente, aumentar o grau de industrialização do setor além de capacitar melhor a mão de obra. Melhores processos, custos otimizados e melhor gestão dos ativos são imprescindíveis para que o setor atinja resultados mais satisfatórios.
PALAVRA-CHAVE DO SETOR DE CONSTRUÇÃO CIVIL – PRODUTIVIDADE
Com os custos de mão de obra pressionando a rentabilidade das empresas e com os gatilhos de desperdícios se repetindo a cada projeto e obra, alcançar novo status de desempenho fica praticamente impossível. É preciso criar e implementar sistemas inteligentes que possam equacionar os entraves de produção, prevenir erros de planejamento e execução, elevar os processos de segurança e comunicação, capacitando profissionais de forma a atuarem de forma mais eficaz em cada etapa. Com custos e processos mais alinhados, a qualidade das margens eleva-se – antes comprometidas por perdas desnecessárias.
Esse não é um desafio exclusivo do setor da construção civil. A indústria também enfrenta dias de ajustes em suas bases. E existem caminhos para a solução. Metodologias já aplicadas com sucesso no combate ao desperdício em diferentes setores, como o Kaizen-Lean na Produção e Kaizen Innovation Management nas áreas de projeto, já provaram sua eficácia em gerar ganhos de, em média, 30% em produtividade.
Agregar valor a cada projeto, melhorar prazos de execução, capacitar e reciclar conhecimento dos profissionais de diferentes níveis, elevar a produtividade a patamares desejados. Esses são os resultados alcançados a partir de um consistente trabalho de melhoria de fluxos e combate às perdas, sempre com foco nas ferramentas do Kaizen-Lean.Trata-se de se redesenhar sistemas, melhorar processos, criar novos ciclos de produção que possam levar a empresa a uma nova realidade.
O futuro é promissor. Os grandes eventos esportivos programados para o país estão forçando que haja um forte investimento em infraestrutura, e os benefícios anunciados pelo governo no começo de dezembro para fortalecer a retomada de crescimento a partir de iniciativas que impulsionem setores estratégicos da economia, entre eles o da construção civil, acenam com novo fôlego para todos os executivos do setor. É preciso fazer valer essas vantagens, converter estímulos em realizações concretas e promover o tão esperado salto de produtividade que o setor declara sempre que precisa e deseja alcançar.
(*) Ruy Cortez de Oliveira é CEO do Kaizen Institute Consulting Group – Brasil