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quinta-feira, 22 de maio de 2025

Desvio de dinheiro nas gestões Força e CUT desestabiliza Sintricom

21/05/2014 17h14 – Atualizado em 21/05/2014 17h14

De pedreiro a foragido da Justiça, Gilson Frazão se beneficiava da contribuição dos trabalhadores

Em menos de dois anos, o sindicato dos trabalhadores na construção civil já passou por duas intervenções da Justiça, sendo que na primeira a diretoria era ligada à Força Sindical, e agora a que foi destituída era filiada à CUT

Léo Lima e Ricardo Ojeda

A notícia de que a Polícia Civil está à procura do pedreiro Gilson Brito Frazão, de 23 anos, que comandava o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil, Mobiliária e Montagem de Três Lagoas e região (Sintricom) está em toda a mídia estadual, mas detona também a guerra que se formalizou a partir da disputa pelo poder na entidade durante as eleições em maio de 2013. Na ocasião, duas chapas foram formadas, muita discussão aconteceu, despontando entreveros entre sindicalistas de duas centrais sindicais – a Força Sindical (situação) e CUT (oposição) -, que resultou em intervenção judicial na época.

De um lado, a Força Sindical, que colocou no poder um representante: Agmar Luiz de Souza (Chapa 1). Do outro, a CUT, indicando e conseguindo o intento o nome de Gilson Frazão como cabeça de chapa (2). Gilson Iniciou no movimento sindical durante as greves da construção a edificação do complexo Eldorado, notabilizando-se na luta pelos direitos dos trabalhadores.

De lá até agora, muitas denúncias foram lançadas, culminando na determinação judicial de nova intervenção no Sintricom, onde uma nova junta governativa está administrando a entidade até que ocorram novas eleições que, provavelmente, deverão ser realizadas daqui há 90 dias.

FORAGIDO

O presidente destituído pela Justiça do Trabalho, Gilson Frazão, é considerado foragido e o delegado Paulo Rosseto, da 1ª Delegacia de Polícia de Três Lagoas determinou à sua equipe que proceda diligências para prende-lo. Um membro da diretoria destituída, o secretário Luiz Carlos Barros Salles, já está preso. Outras pessoas da diretoria também estão sendo procuradas, inclusive alguns empresários que emitiram notas frias.

A operação, denominada “Ata” pela polícia três-lagoense, apura denúncias oficiais de que pelo menos R$ 150 mil foram desviados do sindicato, verba retirada indevidamente da conta bancária da entidade. O rastreamento, levado a efeito pela Justiça, teve como base a comprovação de irregularidades cometidas durante a eleição, vencida pela chapa de Gilson, além das denúncias feitas pela chapa rival de cometimento de desvios de recursos do sindicato par fins particulares de membros da diretoria.

A partir disso, a Justiça do Trabalho decidiu colocar a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Mato Grosso do Sul (Fetricom) no comando da Sintricom, cuja comissão provisória já assumiu a função desde o dia 5 deste.

MAQUIAGEM

Conforme informações da Polícia, Gilson descontava cheques em agências bancárias e justificava os gastos com apresentação de notas frias no balanço do sindicato. Teria adquirido duas motocicletas, sendo uma delas em nome da sogra, no valor total de R$ 39.580 mil. Algumas das notas fiscais frias teriam sido fornecidas pelo empresário Conrado Nogueira da Silva, no valor aproximado de R$ 30 mil.

Outra situação de “maquiagem” de desvio ocorreu quando Gilson foi à Polícia dar queixa de que “alguém” havia falsificado ata da entidade destituindo-o da presidência e que as assinaturas também eram falsas.

Segundo consta, ele e outras pessoas redigiram a declaração falsa, que a perícia comprovou que as assinaturas eram verdadeiras.

Luiz Carlos Salles, que já está recolhido ao presídio local, negou os fatos, mas foi desmentido por outro membro do sindicato, inclusive apontando que para fazer a declaração falsa teria recebido de Gilson R$ 6 mil.

Sete pessoas já foram indiciadas e outras quatro pessoas, que ainda estão sendo investigadas, também serão incluídas, pois há indícios de suas participações nos crimes. Frazão, de acordo com o delegado Rosseto, será indiciado por denunciação caluniosa, falsidade ideológica, coação no curso do processo, corrupção de testemunha, associação criminosa, peculato e lavagem de dinheiro, podendo ficar 13 anos preso. A autoridade policial, inclusive, já pediu sua prisão preventiva à Justiça.

CONTRADIÇÃO

No site da CUT, no dia 6 de maio de 2013, um dia após a eleição de Gilson Frazão, uma matéria destacava o que vinha acontecendo no Sintricom, antes da gestão cutista, na época em que Agmar de Souza dirigia a entidade.

De acordo com a publicação, a postura de Gilson, logo após tomar conta de que foi eleito, era de fazer uma gestão democrática e, principalmente, transparente. Veja a postagem abaixo:

O Sintricom era dirigido desde 15 de julho de 2012 por uma Junta Governativa escolhida para resolver irregularidades administrativas, conforme destaca o diretor da Conticom, Valdemir Oliveira (Popó). “O sindicato estava sob intervenção do Ministério Público do Trabalho por conta de desvio de dinheiro”, conta.

Presidente eleito do sindicato, o pedreiro Gilson Frasão comenta que o objetivo da nova gestão agora é arrancar condições dignas para os operários e construir uma melhor representação sindical.

“Há obras em que contratados diretos e terceirizados realizam a mesma função, mas recebem salários diferentes. Queremos acabar com isso e também com a precariedade dos alojamentos. Faremos uma gestão de transparência para resgatar o respeito ao sindicato, que hoje não representa ninguém. O objetivo é nos aproximarmos e trazermos o trabalhador para dentro do Sintricom.”

o ex-líder sindical, Gilsão Frazão tece ascensão rápida, mas desvio de recursos da entidade o tornou foragido da justiça (Foto: Ricardo Ojeda/arquivo)

Corumbá (de camisa vermelha) em negociação com a Polícia Militar durante greve dos trabalhadores que paralisou o canteiro de obras da UFN3 em junho do ano passado deu total apoio a Gilson Frazão e agora comanda a junta governativa que administra o Sintricom (Foto: Arquivo/Perfil News)

A comissão governativa da Fetricom que assumiu o Sintricom  conseguiu recuperar três motos e dois carros da entidade(ver foto abaixo de um dos veículos) que estavam desaparecidos (Foto: Léo Lima)

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