20/06/2014 11h17 – Atualizado em 20/06/2014 11h17
Presa em flagrante por cobrar propina para liberar recursos para o hospital do Câncer Alfredo Abraão, em Campo Grande, a funcionária do Ministério da Saúde confessou que há outros servidores da pasta envolvidos no esquema que já teria chegado a Três Lagoas
Léo Lima com informações
A funcionária comissionada do Ministério da Saúde, Roberlaine Patrícia Alves, de 28 anos, que foi presa em flagrante por corrupção e lavagem de dinheiro, confessou à Polícia Federal que o esquema já foi realizado também em Três Lagoas, onde o grupo teria conseguido levantar R$ 50 mil em um contrato também marcado pela exploração financeira.
Roberlaine ainda não revelou detalhes do esquema em Três Lagoas para a PF. Mas, certamente, os delegados vão buscar mais informações a respeito. Para conseguir mais rapidamente a liberação de recursos, provavelmente oriundos do Ministério da Saúde, ela extorquiu o valor referido, com êxito. Agora, a PF vai procurar saber a fonte da propina; quem pagou e para quê finalidade.
FLAGRADA
Presa em flagrante por cobrar propina para liberar recursos para o hospital do Câncer Alfredo Abraão, em Campo Grande, Roberlaine Patrícia Alves aponta que há outros servidores da pasta envolvidos no esquema.
As afirmações constam em um vídeo divulgado quinta-feira (19) pela Polícia Federal e contradizem o depoimento oficial de Roberlaine, em que ela teria assegurado que agia sozinha.
Ao ser interrogada por um agente da PF, ela cita duas servidoras que estariam envolvidas no caso, e se refere a uma delas como “coordenadora”, e outra que trabalharia diretamente “no gabinete do secretário”.
“Não consigo falar com ninguém lá agora, não. Vim aqui para eles pararem de me encher o saco, e ninguém me ligar amanhã”, diz a funcionária ao diretor-presidente do hospital, Carlos Alberto Coimbra, depois que ele levantou a possibilidade de Roberlaine diminuir o valor cobrado. Coimbra denunciou a chantagem à PF. O flagrante foi armado e, nas imagens, ele finge colaborar.
Em outro momento da conversa, a funcionária menciona Três Lagoas. “Igual em Três lagoas. Eles empenharam R$ 50 mil para garantir o convênio e depois empenharam o resto”, afirma, depois que Coimbra questionou se, com o pagamento da propina, as emendas seriam, de fato, liberadas.
INVESTIGAÇÃO
A delegada da PF Kelly Bernando Trindade, afirmou que, em depoimento, Roberlaine assegurou agir sozinha. “Mas as investigações continuam e vamos apurar se há mais envolvidos”, disse durante entrevista coletiva na tarde de hoje.
Conforme o superintendente da PF em Mato Grosso do Sul, Edgar Marcon, o inquérito será concluído em 15 dias e encaminhado para o Ministério Público Federal. Roberlaine será indiciada por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Ela atuava como funcionária terceirizada do Ministério há três anos, e foi presa no dia 16, na operação “Lantire”, deflagrada pela PF. Ela cobrou R$ 150 mil de propina para liberar R$ 2,6 milhões para o HC. (Com Campo Grande News)