02/12/2016 08h20
O principal dirigente da empresa foi ouvido pela Justiça portuguesa, em Lisboa, onde precisou pagar caução no valor de € 3 milhões. A empresa atualmente investe na construção de uma fábrica de MDF na cidade de Água Clara
Ricardo Ojeda e Daniela Silis
Diante da notícia de que o presidente da Asperbras, José Roberto Colnaghi, teria sido detido por autoridades portuguesas há duas semanas, o Perfil News entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da empresa para obter mais informações acerca do ocorrido.
O interesse deve-se ao investimento milionário do Grupo Asperbras na região do Bolsão sul-mato-grossense, mais especificamente em Água Clara, na construção de uma das maiores fábricas de MDF (placa de fibra de madeira de média densidade), o que irá consolidar a cidade como pólo moveleiro.
O empreendimento, que foi lançado em junho de 2015, recebe investimentos na ordem de R$ 405 milhões, sendo R$ 330 milhões na construção e R$ 75 milhões em plantação de florestas de eucalipto. Depois de pronta, empresa irá gerar cerca 550 empregos diretos e indiretos em Água Clara. Hoje a fábrica está com mais de 50% do cronograma concluído e possui cerca de 300 funcionários em atividade da construção do empreendimento.
REPERCUSSÃO
Apesar da notícia de que José Roberto Colnaghi teria sido detido em Lisboa, Portugal, no último dia 16 de novembro, em nota enviada pela assessoria de Comunicação à redação do Perfil News a empresa afirmou que o fato passado em Portugal não irá interferir no empreendimento na cidade de Água Clara, pois o processo da Asperbras Congo corre unicamente em Portugal. O Grupo não está envolvido em nenhum processo no Brasil ou em outro país e não deve interferir no investimento realizado em Água Clara.
Ainda de acordo com a empresa, José Roberto Colnaghi foi até a sede do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, em Lisboa, por iniciativa própria, a pedido da Justiça Portuguesa. Ele foi ouvido no processo que investiga, o então representante da empresa, José Veiga na chamada Operação Rota do Atlântico e, de acordo com a nota, “não esteve detido, preso ou sob tutela da Justiça portuguesa”. A operação tem como foco investigar José Veiga e seus contratos intermediados no Congo-Brazzaville, além dos outros vários negócios que têm no continente africano.
Além disso, o empresário precisou pagar o valor de € 3 milhões, o equivalente a R$ 10,8 milhões, que, de acordo com a empresa, é uma caução que será devolvida no final do processo. “A caução é feita para garantia, na continuidade do processo, em havendo necessidade de nova apresentação à Justiça. No final do processo esse valor será devolvido. A empresa está colaborando com a Justiça portuguesa e José Roberto Colnaghi não teve seu passaporte apreendido, tem liberdade de ir e vir em território português bem como em qualquer parte do mundo”, dizia a nota.
QUALIFICAÇÃO
Com mais de 50% do cronograma concluído, a fábrica de MDF de Água Clara deve ser inaugurada e entrar em operação até o final de 2017, devendo gerar quanto entrar em produção 550 empregos diretos e indiretos.
Para isso, em novembro do ano passado, o grupo, em parceria com o Senai e IEL deu início aos cursos de qualificação para capacitar novos funcionários em automação e instrumentação básica, manutenção mecânica básica e operador de empilhadeiras e de máquinas pesadas.
Atualmente o projeto está em fase final de instalações civis e de infraestrutura, com cerca de 300 funcionários ativos na obra. Até o final deste ano essa fase deverá estar concluída, para dar início a montagem dos equipamentos.
EMPREENDIMENTO MILIONÁRIO
A fábrica conta com o tamanho total de área de 500.000 m², sendo que, nesta primeira fase, a construção será de 38.000 m². Para atender a demanda da fábrica foi investido R$ 75 milhões em florestas de eucalipto. A Asperbras iniciou o projeto de plantio de eucalipto em Mato Grosso do Sul em 2013 para que já possa contar com parte de produção própria da matéria-prima que atenderá todos os quesitos de manejo sustentável para o novo empreendimento.
Com florestas em um raio de 80 km a 150 km do empreendimento, a empresa deverá ser auto suficiente de madeira a partir de 2019 e apenas no primeiro ano as madeiras serão compradas de produtores na região.



