17/11/2017 08h01
Jodascil Gonçalves Lopes e João Paulo Calves tiveram a prisão temporária decretada por suspeita de envolvimento no esquema de propina
Redação
Os empresários Jodascil Gonçalves Lopes e João Paulo Calves deixaram o Presídio Militar, no complexo do Presídio de Segurança de Campo Grande, na noite desta quinta-feira (16). Eles foram presos pela 5ª fase da Operação Lama Asfáltica, denominada Papiros de Lama, na última terça-feira (14).
Segundo as investigações, os empresários são suspeitos de participarem de um esquema de propina existente há mais de 10 anos em Mato Grosso do Sul, chefiada por Puccinelli. O montante de desvio comprovado, até o momento, é de R$ 235 milhões, conforme divulgou o delegado da Polícia Federal, Cléo Mazzotti.
Eles tiveram a prisão temporária decretada e foram para o presídio junto com o ex-governador André Puccinelli (PMDB) e o filho dele, André Puccinelli Júnior, que tiveram a liminar em habeas corpus concedida na quarta-feira (15). As liberdades provisórias foram dadas pelo mesmo desembargador federal do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), Paulo Fontes.
Conforme a decisão do desembargador federal Paulo Fontes, os investigados devem comparecer mensalmente em juízo para justificar as atividades; estão proibidos de deixar a cidade por mais de 15 dias sem autorização do juízo e devem entregar o passaporte em cinco dias.
Puccinelli Júnior teria recebido R$ 1,2 milhão da JBS, segundo o delator Ivanildo Miranda, fundamental para a força-tarefa da 5ª fase da Operação Lama Asfáltica. Além disso, o advogado teria vendido milhares de cópias de um dos seus livros de direito para a Águas Guariroba, concessionária de água e esgoto de Campo Grande, por R$ 360 mil. Segundo a investigação, a venda foi simulada para disfarçar a propina.
Mazzotti disse ainda que o ex-governador mantinha as operações com empresas envolvidas na lavagem de dinheiro. Durante o período de varredura dos documentos, o pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda teria entrado em contato com a PF para ter o benefício da delação premiada.
De acordo com o delegado, pecuarista confessou ter sido o operador do esquema entre 2006 a 2013 e no ano seguinte teria passado para André Cance. Até 2010, Ivanildo recebia R$ 80 mil por mês e depois os valores subiram para R$ 200 mil mensais.
Desvios
A investigação apontou que os recursos eram desviados por meio do direcionamento de licitações públicas, superfaturamento de obras públicas, aquisição fictícia ou ilícita de produtos, financiamento de atividades privadas sem relação com a atividade-fim de empresas estatais, concessão de créditos tributários com vistas ao recebimento de propina e corrupção de agentes públicos.
De acordo com a PF, a propina era mascarada de diversas formas. Uma delas, era a compra, sem justificativa plausível, de obras jurídicas, por parte de empresa concessionária de serviço público e direcionamento dos lucros, por interposta pessoa, a integrante do grupo investigado.
O chefe da Controladoria-Geral da União (CGU) em Mato Grosso do Sul, José Paulo Barbiere, disse que os suspeitos deverão devolver cerca de R$ 22 milhões na forma de GRU [Guia de Recolhimento da União]. De acordo com ele, o valor é mais um prejuízo que foi causado ao funcionalismo público.
As apurações, com a quebra de sigilo fiscal e bancário, mostraram um patrimônio dos envolvidos avaliado em R$ 160 milhões.
(*) G1.Com
