13/12/2017 14h43
Redação
A Netflix foi criticada por escrever um tuíte ridicularizando quem assistiu a um filme que ela mesma produziu, “O Príncipe de Natal”.
“Às 53 pessoas que assistiram ‘O Príncipe do Natal’ todo dia nos últimos 18 dias: Quem machucou vocês?”, dizia a mensagem, postada no Twitter (em inglês) neste domingo (10).
O comentário foi chamado de “distópico” na rede social, e muitos afirmaram que a Netflix não poderia usar os dados de usuários para humilhá-los.
A empresa se defendeu e disse que se importa com a privacidade dos clientes. “A informação representa tendências de consumo generalizadas, não informações individualizadas, de pessoas específicas”, disse.
PRIVACIDADE
“É um episódio curioso, porque não identificaram ninguém, não houve um dano concreto, mas mesmo assim as pessoas se sentiram invadidas”, diz Jacqueline Abreu, advogada especializada em privacidade e vigilância do InternetLab.
Não há, segundo Abreu, nenhuma ilegalidade no comportamento da empresa. “A discussão é mais em torno dos limites do humor, se justificaria expor o comportamento dos clientes para fazer uma piada assim.”
Trevom Timm, diretor-executivo da Freedom of the Press Foundation (Fundação pela Liberdade de Imprensa), respondeu o tuíte da Netflix com questionamentos: “Quantos funcionários têm acesso aos hábitos de consumo das pessoas? Há algum controle sobre quem pode acessar esses dados, e para o que são usados?”
No ano passado, o Spotify foi criticado por uma piada parecida. “Seja tão amável quanto a pessoa que colocou 48 músicas do [cantor] Ed Sheeran na playlist ‘Eu amo ruivos'”, diziam alguns anúncios.
A lei brasileira permite que dados de clientes sejam usados para qualquer finalidade pelas empresas se não for possível identificá-los, ou seja, caso se trate de um padrão, como neste caso da Netflix.
O serviço de streaming usa rotineiramente dados dos hábitos de clientes para decidir como irá produzir e anunciar o seu próprio conteúdo.
(*) Correio do Estado