Maior investimento bilionário da celulose no Brasil, R$ 24 bilhões, multinacional chilena consolida MS como maior polo de celulose do país e Três Lagoas é a pioneira no setor do Estado
Nessa sexta-feira, 04 de abril a cidade de Inocência comemora 66 anos de emancipação político-administrativa e a prefeitura organizou uma extensa agenda de atividades para comemorar a data. Porém, a maior solenidade vai acontecer no próximo dia 9, quando será lançada oficialmente a Pedra Fundamental da maior fábrica de celuloso do mundo, batizada de Projeto Sucuriu.

O investimento na ordem de R$ 24 bilhões será da multinacional chilena, do setor de celulose, que inclusive possui outras empresas no Brasil. A solenidade deverá contar com a presença de diversas autoridades do estado e do país, além dos diretores da empresa.
O Projeto Sucuriú, como foi batizado, representa a entrada da divisão de celulose da Arauco no Brasil e contará com um investimento de US$ 4,6 bilhões. A fábrica terá capacidade para produzir 3,5 milhões de toneladas de fibra curta de celulose por ano e estará situada em uma área de 3.500 hectares, a 50 quilômetros do centro de Inocência, próxima ao Rio Sucuriú.
TUDO COMEÇOU EM TRÊS LAGOAS

A partir do start dessa fábrica que tem previsão para ocorreu no final de 2027, a estado será um dos maiores produtores de celulose do mundo. Para chegar até esse patamar, a história começou em Três Lagoas há 20 anos.
A partir do investimento através da então VCP (Votorantim Celulose e Papel), o Mato Grosso do Sul se tornou a maior potência de produção de celulose do país e também está entre as maiores do mundo. E como já foi dito, no próximo dia 9 de abril, o Estado ganha mais um marco para o setor, já que nesta data acontece o lançamento da pedra fundamental da chilena Arauco, em Inocência.
No MS, pelo menos cinco fábricas devem estar em operação nos próximos anos, mas você sabia que era para o Estado ter sete indústrias do setor? Não! Pois fique neste texto que te explico um pouco da história da celulose em Mato Grosso do Sul.
CONHEÇA A HISTÓRIA DA CELULOSE EM MS

Em 2006 foi lançado o projeto Horizonte, a Votorantim Celulose e Papel (VCP). Na época, A instalação da unidade da VCP em Três Lagoas, o qual os investimentos somaram R$ 3 bilhões, recebeu o nome de Projeto Horizonte devido às características geográficas do Mato Grosso do Sul que proporcionam a visualização do pôr do sol, além de simbolizar a ampliação dos negócios da empresa.
PIONEIRA
A VCP foi a pioneira no setor da celulose em Mato Grosso do Sul, mas foi vendida para Fibria. A empresa nasceu da fusão da VCP (Votorantim Celulose e Papel) com a Aracruz em 2009, um negócio que teve o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e evitou a quebra da Aracruz, após a empresa registrar perdas bilionárias com derivativos financeiros.
FIBRIA

Com um investimento de R$ 7,3 bilhões, para a implantação de uma segunda linha de produção em sua fábrica em Três Lagoas, no leste de Mato Grosso do Sul, a unidade da Fibria se tornou uma das maiores plantas do mundo em fabricação de celulose, com capacidade instalada para processar 3,25 milhões de celulose por ano.
A segunda linha entrou em operação em 23 de agosto deste de 2017, três semanas antes do previsto. Além de antecipar o cronograma da obra, a empresa ainda conseguiu reduzir o custo final do empreendimento, inicialmente previsto em R$ 7,7 bilhões, em 4,6%.
FUSÃO
Em 2018, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou a fusão entre as empresas Suzano e Fibria. A operação uniu as duas maiores empresas de celulose do país e transforma a companhia resultante em líder mundial em celulose de mercado.
A Suzano está no Estado desde 2009, quando a primeira fábrica, na época, Fibria, entrou em operação em Três Lagoas. Em 2017, entrou em operação a segunda linha de produção da empresa. Atualmente a unidade é a maior fábrica de celulose e uma das mais modernas do mundo. Com duas linhas de produção, conta com um time de cerca de 6 mil pessoas, entre equipes diretas e terceirizadas, nas operações industrial e florestal.
Ainda em 2028, a Suzano Papel e Celulose comprou a Fibria numa operação que criou uma companhia de R$ 65 bilhões em valor de mercado, fechando um negócio sonhado há quase três décadas e criando uma gigante global de commodities com sinergias estimadas entre R$ 8 e R$ 12 bilhões na época.
ELDORADO BRASIL

A expansão das empresas de celulose em Mato Grosso do Sul reflete no desenvolvimento de projetos e ações, principalmente da área de logística em outros estados. A Eldorado Brasil é um exemplo dessa difusão econômica.
Inaugurada em dezembro de 2012, a Eldorado Brasil foi a segunda companhia de celulose a entrar em operação em Mato Grosso do Sul. Na época de sua partida era a maior indústria do mundo no setor em uma única linha de produção e apresentou uma série de inovações e novas tecnologias, que fizeram com que se tornasse uma das referências em tecnologia e produtividade.
EXPANSÃO – 2ª LINHA
Ano passado, a Eldorado Brasil anunciou que pretende investir R$ 25 bilhões no projeto de expansão da fábrica de celulose em Três Lagoas, que compreende a construção da segunda linha de produção, bem como a de um ramal ferroviário e na aplicação de florestas plantadas para suprir a indústria de matéria-prima.
Denominado de Vanguarda 2.0, o projeto de construção da segunda linha de celulose da Eldorado Brasil, em Três Lagoas, está pronto há dez anos. A ampliação da fábrica só não foi iniciada ainda por conta de disputa judicial sobre o controle da indústria, que foi colocada à venda pela J&F em setembro de 2017 para a Paper Excellence pelo valor de R$ 15 bilhões.
Somando as indústrias acima, duas linhas da Suzano e mais duas da Eldorado, Três Lagoas, hoje em dia, estaria operando com quatro fábricas de celulose. O Projeto da Eldorado está parado, mas em breve pode ser retomado.
PROJETO CERRADO – A SUZANO CHEGA EM RIBAS DO RIO PARDO

Ainda assim, novos megaempreendimentos foram e estão sendo construídos em Mato Grosso do Sul. Em 2024, a Suzano expandiu seus negócios no Estado e inaugurou mais uma fábrica em Ribas do Rio Pardo.
Com capacidade para produzir 2,55 milhões de toneladas de celulose por ano, o empreendimento é resultado de um investimento total de R$ 22,2 bilhões, dos quais R$ 15,9 bilhões destinados à construção da fábrica e R$ 6,3 bilhões a iniciativas como formação da base florestal e estrutura de logística para o escoamento da produção. Este é o maior investimento da história de 100 anos da Suzano, comemorados em 2024, e um dos maiores investimentos privados do Brasil nos últimos anos.
PROJETO SUCURIU – AGORA É A VEZ DE INOCÊNCIA

Agora, no próximo dia 9 de abril, é a vez de Inocência ganhar um megaempreendimento. A cidade será palco do lançamento da pedra fundamental da fábrica da Arauco, multinacional chilena do setor de celulose. O evento contará com a presença de diversas autoridades do estado e do país, além dos diretores da empresa.
O Projeto Sucuriú, como foi batizado, representa a entrada da divisão de celulose da Arauco no Brasil e contará com um investimento de US$ 4,6 bilhões (, R$ 24 bilhões). A nova planta terá capacidade para produzir 3,5 milhões de toneladas de fibra curta de celulose por ano e estará situada em uma área de 3.500 hectares, a 50 quilômetros do centro de Inocência, próxima ao Rio Sucuriú.
INVESTIMENTOS DA BRACELL

A Bracell, da gigante RGE, confirmou que vai construir a 6ª fábrica de celulose em Mato Grosso do Sul. Com investimento de R$ 20 bilhões à R$ 25 bilhões, o grupo deve revolucionar ainda mais o setor, que já manifestou investir em Água Clara, ou provavelmente em Bataguassu, como já foi exaustivamente divulgado pela imprensa. Independente do local escolhido, será a 4ª cidade sul-mato-grossense a receber uma mega fábrica com perspectiva de gerar 10 mil empregos na construção e cerca de 3 mil na operação.
Ao transformar Mato Grosso do Sul no “Vale da Celulose”, os gigantes do setor impulsionaram o desenvolvimento econômico de outros três municípios. Atualmente, Três Lagoas conta com três indústrias de celulose, sendo duas linhas da Suzano e uma da Eldorado Brasil. A 2ª cidade a se transformar foi Ribas do Rio Pardo com investimento de R$ 22 bilhões da Suzano.
EFERVESCÊNCIA
A 3ª cidade é Inocência, na região do Bolsão, (vale da celulose), na região Leste de MS, que começa a viver a efervescência da chegada da multinacional chilena Arauco, com investimento bilionário e a criação de 10 mil empregos na fase de construção, dobrando a população da cidade com 8,4 mil habitantes.

A economia dispara não só em Mato Grosso do Sul, mas expande para outros Estados. Um exemplo é o que acontece em Porto de Santos, em São Paulo, que exportou aproximadamente 8,1 milhões de toneladas de celulose; Vale lembrar que MS é o maior produtor nacional da commodity e 49,2% da celulose produzida no Estado é exportada via Porto de Santos.
Desde a instalação da primeira fábrica em Três Lagoas, em 2009, Mato Grosso do Sul tem se destacado como um dos maiores produtores nacionais de celulose. Atualmente, o estado conta com unidades produtivas da Eldorado Brasil e da Suzano, além de projetos futuros que prometem elevar ainda mais sua relevância no setor.
A capacidade produtiva atual do estado já atinge 7,5 milhões de toneladas anuais, mas os investimentos de R$ 75 bilhões anunciados por Eldorado, Arauco e Bracell devem adicionar mais 8,9 milhões de toneladas até 2028. Com isso, Mato Grosso do Sul se consolida como líder nacional na produção de celulose, setor que já representa 24% da produção nacional de celulose, com uma produção anual, de acordo com a Semadesc.
MS SOMA MAIS DE R$ 63 BILHÕES EM INVESTIMENTOS NA CONSTRUÇÃO DE FÁBRICAS DE CELULOSE

Mato Grosso do Sul se firma como um dos principais polos da indústria de celulose no Brasil, impulsionado por um ciclo robusto de investimentos na construção de fábricas e infraestrutura para o setor.
O Perfil News acompanha desde o primeiro projeto implantado em Mato Grosso do Sul e traz o levantamento dos investimentos das fábricas. Somando os aportes das principais empresas do ramo, o estado já recebeu mais de R$ 63 bilhões em obras e projetos estruturais, tornando-se referência nacional e internacional na produção de celulose.
CONFIRA OS PRINCIPAIS INVESTIMENTOS NO SETOR:
Votorantim Celulose e Papel (VCP) – Três Lagoas
A primeira fábrica de celulose do estado foi construída pela Votorantim Celulose e Papel (VCP) em Três Lagoas, com um investimento de R$ 2 bilhões. A unidade começou a ser construída em fevereiro de 2007 e entrou em operação em março de 2009, com capacidade de 1,3 milhão de toneladas anuais. O impacto econômico foi significativo, triplicando o PIB da cidade e impulsionando novos investimentos no setor.
Eldorado Brasil – Três Lagoas
A Eldorado Brasil investiu R$ 6,2 bilhões na construção de sua fábrica em Três Lagoas, com R$ 4,5 bilhões destinados à unidade industrial, R$ 800 milhões para logística e R$ 900 milhões na formação de florestas de eucalipto. A fábrica se tornou um dos pilares da economia local, gerando empregos e fortalecendo a cadeia produtiva regional.
Suzano – Ribas do Rio Pardo
O empreendimento da Suzano em Ribas do Rio Pardo representou um dos maiores investimentos privados da história do Brasil. Inicialmente anunciado em R$ 19,3 bilhões, o valor foi ajustado para R$ 22,2 bilhões até a inauguração. Deste montante, R$ 15,9 bilhões foram aplicados na construção da fábrica e R$ 6,3 bilhões em logística, infraestrutura e plantio de florestas de eucalipto.
Arauco – Inocência
O grupo chileno Arauco está investindo US$ 4,6 bilhões (cerca de R$ 25,1 bilhões) no Projeto Sucuriú, sua fábrica de celulose em Inocência. A unidade terá capacidade para produzir 3,5 milhões de toneladas anuais, com previsão de início das operações no segundo semestre de 2027. Durante a construção, o projeto deverá gerar cerca de 14 mil empregos e conta com um investimento adicional de R$ 85 milhões em iniciativas socioambientais na região.
Fibria – Três Lagoas
A Fibria realizou dois grandes investimentos na cidade. O Projeto Horizonte 1, inaugurado em 2009, contou com um aporte de R$ 2 bilhões, enquanto o Projeto Horizonte 2, anunciado em 2015, recebeu R$ 7,7 bilhões para sua expansão. Com isso, a unidade passou a produzir 3,2 milhões de toneladas anuais, consolidando Três Lagoas como um dos maiores polos industriais de celulose do Brasil.
MS O ESTADO DO AGRO E DA CELULOSE
Os investimentos no setor de celulose têm transformado Mato Grosso do Sul em um estado altamente industrializado, superando sua tradicional vocação agropecuária. A soma desses aportes não apenas fortalece a economia local, mas também cria milhares de empregos diretos e indiretos, movimentando a infraestrutura e o desenvolvimento sustentável da região.
A expansão da indústria de celulose tem gerado milhares de empregos diretos e indiretos, como o Perfil News mostrou em reportagem especial no mês de março. Durante o pico das obras das fábricas, foram criados cerca de 14 mil postos de trabalho, enquanto a operação das plantas segue impulsionando o setor logístico, o comércio e serviços nas regiões atendidas.
O impacto também é sentido no Produto Interno Bruto (PIB) estadual. Em Três Lagoas, a chegada das fábricas triplicou o PIB municipal, consolidando a cidade como a “Capital Mundial da Celulose”. O mesmo movimento econômico vem sendo observado em Ribas do Rio Pardo e Inocência, que recebem novos investimentos estruturais.