A celulose também está no topo na geração de empregos no Estado, com 14,287 postos de trabalho. A Eldorado Brasil emprega 5.287 colaboradores, enquanto a Suzano gera 9 mil empregos, dos quais, 6 mil na unidade de Três Lagoas e 3 mil em Ribas do Rio Pardo, entre próprios e terceiros
Se ainda havia dúvidas sobre a força econômica de Mato Grosso do Sul, os números da celulose tratam de dissipá-las com a velocidade de uma colheitadeira. Hoje, sozinho, o Estado já produz mais que nações inteiras. Com 7,6 milhões de toneladas ao ano, se fosse um país, ocuparia a 10ª colocação no ranking global de produção — à frente de gigantes como o Chile. Mas isso é apenas o começo. Com as novas fábricas que estão por entrar em operação até o final desta década, o MS poderá alcançar os cinco maiores produtores do planeta, e com fôlego para sonhar ainda mais alto.

GUINADA
A guinada começou em março 2009, quando a VCP (atual Suzano) inaugurou sua primeira unidade em Três Lagoas, com capacidade para 1,3 milhão de toneladas anuais. O impulso seguinte veio em 2017, com a abertura de uma segunda linha de produção, elevando a capacidade para 3,25 milhões. Em julho de 2024, uma terceira unidade da companhia entrou em operação em Ribas do Rio Pardo, com impressionantes 2,55 milhões de toneladas/ano — nada menos que a maior fábrica de linha única do mundo.
Com isso, apenas as unidades da Suzano em MS somam uma capacidade instalada de 5,8 milhões de toneladas, sustentando uma cadeia de aproximadamente 9 mil empregos diretos entre trabalhadores próprios e terceirizados.
EXPANSÃO

Mas a potência sul-mato-grossense não se resume à Suzano. A Eldorado Brasil, instalada também em Três Lagoas, opera acima da capacidade projetada: foram 1,8 milhão de toneladas produzidas em 2024, cerca de 20% além do previsto originalmente. Somadas, as duas gigantes já posicionam o Estado como um colosso da celulose. Mas, não para por aí. A Eldorado já anunciou que pretende retomar a construção da segunda linha.

E os ventos seguem soprando a favor da expansão. Em Inocência, cidade vizinha a Três Lagoas, a chilena Arauco constrói a sua megafábrica, o Projeto Sucuriú. Com um investimento bilionário — US$ 4,6 bilhões ou cerca de R$ 26,8 bilhões — e previsão de operação para o final de 2027, a planta deve adicionar mais 3,5 milhões de toneladas à conta estadual. Uma cifra capaz de redesenhar o mapa global do setor.
NOVO POLO INDUSTRIAL

Não bastasse isso, em Bataguassu, o anúncio mais recente já agita os bastidores da economia. A Bracell — que investirá R$ 16 bilhões — construirá ali a primeira unidade de celulose solúvel do Estado, com potencial de transformar a cidade em um novo polo industrial. E ainda há mais: a empresa também avalia ampliar suas atividades em Água Clara, onde já atua no setor florestal, com possível implantação de uma fábrica de celulose kraft, voltada à produção de papel e embalagens, com capacidade de até 2,8 milhões de toneladas ao ano. O projeto poderá adotar uma configuração híbrida, agregando a produção de celulose solúvel ao portfólio.

Não é exagero dizer que Mato Grosso do Sul se tornou o coração pulsante da celulose brasileira — e, em breve, mundial. Desde 2015, o Estado atraiu R$ 125 bilhões em investimentos privados, sendo R$ 65 bilhões apenas nos últimos dois anos. O setor florestal, que já emprega mais de 7 mil pessoas e reúne 30 empresas, responde por 17,8% do PIB industrial estadual, de acordo com o governo.
O novo mapa da celulose: MS no radar das potências

Segundo dados do Instituto Brasileiro da Árvore (IBA), os Estados Unidos lideram o ranking global com 47,8 milhões de toneladas anuais, seguidos pelo Brasil (24,3 milhões), onde boa parte da produção vem justamente de Mato Grosso do Sul. A China (22,6 mi), o Canadá (14,2 mi), a Suécia (11,8 mi), a Finlândia (10,9 mi), a Indonésia (10,1 mi), a Rússia (8,8 mi), o Japão (7,7 mi) e o Chile (4,7 mi) completam a lista dos dez maiores.
Com a entrada em operação da Arauco, prevista para 2027, MS deverá saltar das atuais 7,6 para 11,2 milhões de toneladas anuais, superando Finlândia, Indonésia, Rússia, Japão e Chile — e assumindo o sexto lugar no ranking global, como se fosse uma nação.
TERCEIRO LUGAR NO RANKING MUNDIAL
E a trajetória não para aí. Se os projetos da Bracell se concretizarem, com mais 2,8 milhões de toneladas anuais, o Estado poderá chegar à marca de quase 14 milhões, o que o colocaria no mesmo patamar do Canadá. Ou seja: sozinho, MS pode, em breve, assumir o terceiro lugar no ranking mundial, atrás apenas de Estados Unidos e China.
De coadjuvante distante a protagonista da nova geoeconomia da celulose, Mato Grosso do Sul firma-se como uma potência verde e renovável. Um Estado que deixou de ser apenas um produtor entre muitos, para se tornar símbolo de escala, tecnologia e sustentabilidade. Se o mundo respira por fibras naturais, o pulmão que sopra essa transformação está fincado no solo fértil da região leste do MS.