No Showtec 2025, especialista aponta arroba a R$ 390 no fim do ano e destaca cenário de virada para o setor
A pecuária de corte brasileira pode entrar em um novo ciclo de valorização no segundo semestre de 2024. Essa foi a avaliação apresentada por Hyberville Neto, analista da HN Agro, durante o painel “O futuro da pecuária – estratégia e profissionalização”, realizado nesta terça-feira (20) no Showtec 2025. O painel, promovido pela Famasul Jovem e pelo Associação Novilho Precoce MS, ocorreu na Arena Showtec, em Maracaju, nesta terça-feira (20).
Segundo Hyberville, os dados mais recentes da B3 indicam uma curva de recuperação para a arroba do boi gordo, com possibilidade de alcançar R$ 390 em dezembro. A projeção se baseia em dois movimentos principais: o início da redução da oferta de animais para abate e a manutenção da demanda externa em níveis elevados. “A nossa expectativa é positiva. A oferta de gado tende a cair e a demanda externa continua forte. Isso deve reduzir a carne disponível no mercado interno e permitir uma valorização mais intensa da arroba. Essa é a nossa leitura base do mercado”, afirmou.
O especialista explicou ainda que, embora o mercado físico esteja sob pressão típica do final de safra, o ciclo de retenção de fêmeas e a redução gradual dos abates devem se consolidar nos próximos meses. Isso cria um ambiente propício para a valorização do boi gordo, especialmente com menor volume de carne disponível no mercado doméstico.
Outro ponto abordado foi o comportamento do milho, que também influencia o custo de produção na pecuária. Hyberville destacou que, mesmo com boas expectativas para a produtividade da safrinha, a relação entre estoque e consumo global ainda inspira cautela. “O mercado futuro pode estar exagerando na projeção de queda. A relação entre oferta e consumo não é confortável, o que pode limitar a pressão sobre os preços. Isso também impacta decisões na engorda e no confinamento”, completou.
Para o superintendente do Novilho Precoce MS, Alexandre Guimarães, o fortalecimento do associativismo é decisivo neste novo cenário. “Eventos como este mostram o quanto o associativismo é essencial. É por meio da organização dos produtores que conseguimos acessar tecnologia, informação, programas de incentivo e garantir representatividade nas decisões que moldam o futuro da nossa atividade, e principalmente, é por meio de organizações assim que conseguimos baixar custo e aproveitar da melhor forma os momentos de alta”, destacou.
O painel também contou com a participação do Prof. Ph.D. Moacyr Corsi (USP), Sidnei de Souza (Terra Desenvolvimento), com mediação do produtor rural Fábio Caminha.