A obra está parada há 10 anos; ministra fez o anúncio durante o desfile cívico em comemoração ao aniversário de Três Lagoas
A Ministra do Planejamento Simone Tebet prometeu que a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados, a UFNIII, deve ter o contrato assinado até o final de 2025. A obra está parada há 10 anos e a promessa foi feita durante o desfile cívico em comemoração aos 110 anos de Três Lagoas.
Além da ministra, no evento, outras autoridades, como a senadora Tereza Cristina (PP), o Deputado Federal Rodolfo Nogueira (PL), o Deputado Estadual, Pedro Caravina (PSDB) e o prefeito de Três Lagoas, Cassiano Maia (PSDB), também estavam presentes no evento.
Durante o seu pronunciamento, a ministra recebeu algumas vaias, porém indiferente a situação, ela comentou que a UFN3 deve ter o contrato assinado até dezembro ainda deste ano, mas conforme informações extraoficiais, o governo tem a intenção de negociar o empreendimento com a iniciativa privada.

“Hoje, Três Lagoas não é só a Capital da celulose, pois Mato Grosso do Sul já se tornou uma referência mundial no setor. São empregos gerados, muitas pessoas vieram de outra terra e se misturaram com nosso sotaque. Nós, o povo caloroso que somos, abraçamos os novos moradores. Hoje o Brasil conhece Três Lagoas. O contorno rodoviário, uma obra de mais de R$ 220 milhões, fruto de uma emenda minha, vai ficar pronto até o ano que vem. A fábrica de fertilizantes terá o seu contrato assinado até o final do ano. Três Lagoas terá a maior fábrica de nitrogenados da América Latina, para de novo gerar emprego para o nosso povo”, adiantou a ministra.
OBRA ESTRATÉGICA
Com 81% da obra já concluída, o projeto, parado desde dezembro de 2014, pretende produzir fertilizantes nitrogenados e reduzir de 40% dos 30% a importação de fertilizantes que hoje o Brasil importa para atender o setor agrícola. A retomada é estratégica para o agronegócio brasileiro, reduzindo a dependência de importações de ureia e amônia e oferecendo maior competitividade aos produtores nacionais, bem como diminuindo os custos da comida na mesa do brasileiro. Além disso, estima-se que a obra gere cerca de oito mil empregos diretos e indiretos, impulsionando a economia local.
O Perfil News conseguiu conversar com um profissional da área de engenharia para informar como está o andamento das tomadas de preços para compor o cronograma das licitações das obras. Ele explicou que, até onde sabe, hoje, a UFN3 já está em negociação com várias empresas de engenharia, construtoras, espalhadas pelo país, como Monto Engenharia, Engevix, Camargo Correia e outras.

Ainda conforme o profissional, o governo atual repartiu em nove lotes; subestações, edificações, torre de resfriamento, ureia, amônia, enfim, eles estão trabalhando em cima disso agora.
“Já era para ter sido elucidado alguma coisa há dois meses, mas não foi possível. Então houve uma prorrogação. Mas estão trabalhando em cima disso”.
Em paralelo, com a antiga Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), que foi rebatizada para Gaslub, também estão sendo loteados vários pacotes entre as empresas e as construtoras de engenharia no Brasil. Dessa, algumas licitações já têm vencedores e os processos concentram-se em fase de análises para posterior assinaturas dos contratos, que não devem passar de sessenta dias.
“Eu não sei se há algumas do exterior, mas possivelmente sim, mas está andando sim, está caminhando”, explicou ao Perfil News.
Lançado em 2009, o consórcio UFN3 seria responsável pela construção da maior fábrica de fertilizantes do hemisfério sul. O consórcio era formado pelas empresas, Galvão Engenharia e a chinesa Sinopec.
As obras da unidade foram paralisadas no final de 2014, durante o auge da Operação Lava Jato. A Galvão Engenharia estava entre as empresas envolvidas no esquema de corrupção. Em 2024, a Petrobras anunciou um plano de investimento de R$ 3,5 bilhões para finalizar a fábrica de fertilizantes nitrogenados.
CAPACIDADE DO PROJETO
A UFN3 foi projetada para consumir diariamente 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural, transformando-os em 3,6 mil toneladas de ureia e 2,2 mil toneladas de amônia. O projeto, que teve sua construção iniciada em 2011 e paralisada em 2014, representa um investimento total de R$ 3,9 bilhões. Para sua conclusão, a Petrobras já provisionou R$ 3,5 bilhões e está em busca de parceiros estratégicos para operar a planta.
GOLPE MILIONÁRIO

Os verdadeiros heróis, que acreditaram no projeto da UFN3 acabaram sendo vítimas. Com um prejuízo de mais de R$ 100 milhões, alguns seguem sem receber. Na época, até os trabalhadores que prestaram serviços no complexo levaram calotes. Eles só conseguiram receber o que tinham direito, graças à intervenção do Sindicato da categoria, o Sintiespav e da então Juíza do Trabalho que atuava em Três Lagoas, a dra Daniela Peruca, a qual bloqueou o dinheiro da Petrobras até que os funcionários conseguissem ter seus salários pagos, no entanto, é sabido vários profissionais de alta graduação técnica enquadrados no regime PJ, muitos da engenharia, ainda amargam anos de prejuízos.

Um ofício chegou a ser encaminhado para a Petrobras, que pretende retomar a construção em Três Lagoas, paralisada desde 2015. O advogado Humberto Garcia de Oliveira, cujo escritório representa 82 empresas prejudicadas pelo calote da Petrobras, conversou com o Perfil News. Ele adianta que busca ser ouvido pela empresa que divulga a retomada da obra juntamente com o município e a câmara municipal.
Segundo o advogado, diversas empresas têm materiais e serviços dispostos na obra e não receberam, a exemplo de fundação de concreto, fiação elétrica, bem como serviços inerentes como lavanderia, alimentação, dormitório, uso de máquinas, etc. que estão na obra, mas não receberam.
O grupo de empresas que o advogado representa busca ser ouvido e ter uma justa tratativa com a empresa Petrobras, que não pode deixar o haver sem composição. Entendem que se há materiais e serviços na obra que não foram pagos, devem ser adimplidos justamente.