Por: Wésley Mendonça
A reportagem apurou graves falhas no atendimento da agência dos Correios de Castilho (SP), que afetam diretamente os direitos dos usuários e ferem normas legais, sobretudo em um momento de grande demanda de idosos devido ao escândalo das fraudes no INSS. Confira os principais problemas, os fundamentos jurídicos e o impacto para a população.
Redução e falta de transparência no horário de atendimento
A agência reduziu o atendimento ao público para apenas quatro horas diárias (9h às 13h), informando a mudança apenas por um cartaz na fachada, enquanto o site oficial dos Correios ainda exibia o horário padrão (9h às 17h). Essa conduta viola o direito à informação clara e adequada, previsto no Código de Defesa do Consumidor, e contraria a Lei de Proteção e Defesa do Usuário do Serviço Público, que exige publicidade e transparência nas alterações de funcionamento.
Fila longa, tempo de espera excessivo e desrespeito à prioridade
Usuários relataram espera superior a 30 minutos, com filas se formando na calçada e sem respeito ao atendimento prioritário de idosos. A Lei 10.048/00 e o Estatuto do Idoso garantem prioridade a pessoas com 60 anos ou mais, com preferência especial para maiores de 80 anos. O não cumprimento dessa obrigação é ilegal e pode ser denunciado ao Ministério Público e aos órgãos de defesa do consumidor.
Além disso, leis estaduais e municipais costumam limitar o tempo de espera em agências a 20 ou 30 minutos, e o descumprimento pode gerar autuações e multas.
Comunicação falha sobre entregas e risco de devolução de encomendas
A agência alterou a frequência de entregas em alguns bairros para apenas dois dias por semana, mas não informou claramente os usuários. Muitos clientes foram notificados por aplicativos de compras para retirar encomendas sob risco de devolução, sem saber que a entrega poderia ocorrer em dias específicos. Isso configura prática abusiva e falta de transparência, prejudicando o consumidor e violando o Código de Defesa do Consumidor.
Falta de estrutura e respeito no atendimento
A desorganização, filas externas e ausência de informações adequadas demonstram descaso com o cidadão e afrontam a Lei de Proteção e Defesa do Usuário do Serviço Público, que exige atendimento digno, eficiente e acessível a todos.
Capítulo Extra: Momento crítico para idosos e o escândalo do INSS
O problema se agrava diante do escândalo nacional das fraudes no INSS, que levou milhares de idosos a buscarem atendimento presencial nos Correios para contestar descontos indevidos em seus benefícios. Em menos de três semanas, mais de 900 mil aposentados já procuraram as agências dos Correios em todo o país, muitos deles em cidades pequenas como Castilho, onde a agência é o único canal presencial disponível.
O Estatuto do Idoso garante prioridade, atendimento humanizado e proteção especial a esse público, ainda mais em situações de vulnerabilidade e risco de prejuízo financeiro. A parceria entre INSS e Correios foi criada justamente para facilitar o acesso dos idosos a seus direitos, mas a precariedade do serviço em Castilho impede que essa política pública alcance seu objetivo.
Direitos violados e consequências
Direito à informação clara e adequada (Código de Defesa do Consumidor e Lei do Usuário do Serviço Público)
Atendimento prioritário para idosos (Lei 10.048/00 e Estatuto do Idoso)
Tempo razoável de espera e respeito à dignidade (legislação local e federal)
Transparência sobre entregas e risco de devolução (Código de Defesa do Consumidor)
Acesso universal ao serviço público essencial (Constituição Federal)
A negligência da agência dos Correios de Castilho expõe usuários a prejuízos, desinformação e risco de perda de direitos, especialmente os idosos, que deveriam ser protegidos e acolhidos em momentos de crise como o atual escândalo do INSS.
O que fazer?
Usuários prejudicados podem registrar reclamação no Procon, na Ouvidoria dos Correios e no Ministério Público. Ações coletivas e denúncias podem ser encaminhadas por associações de consumidores e entidades de defesa dos idosos, exigindo adequação imediata dos serviços e respeito à legislação vigente.
> O Código de Defesa do Consumidor é claro: é uma prestação de serviço, o consumidor paga para ter a correspondência ou qualquer objeto encaminhado; e ele tem direito a que seja encaminhado com um nível de qualidade. Então, havendo qualquer falha nessa prestação, o fornecedor responde pelo vício de qualidade desse serviço e deve restituir e ressarcir o consumidor por eventuais danos.
Conclusão:
A crise no atendimento dos Correios em Castilho é ilegal, desumana e atinge em cheio o direito dos mais vulneráveis. É urgente que as autoridades tomem providências para garantir o respeito à lei e à dignidade dos cidadãos, especialmente dos idosos que buscam socorro em meio ao escândalo do INSS.
(*) Hojemais/Agitta Cidade/Band FM