Educação, fraternidade e transformação. O legado vivo da instituição em Bataguassu que mais de 30 anos de história, fundada através da iniciativa do Ministério Público Estadual, com apoio de entidades como o Lins e maçonaria vem transformando vidas por meio da educação, acolhimento e compromisso social
A criação do CEJA – Centro Educacional Juventude do Amanhã – é um dos capítulos mais importantes da história social e educacional de Bataguassu. Idealizado pelo promotor de Justiça Edval Goulart Quirino, o CEJA nasceu do compromisso firme de transformar a realidade de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social no município. Sua trajetória, iniciada em 1994, é resultado de um trabalho coletivo, movido pela união entre Ministério Público, sociedade civil e diversas entidades parceiras.
COMO TUDO COMEÇOU

“É uma história longa, né? Foi em 94, o papel do Ministério Público foi organizar a sociedade civil, né? Nós tínhamos uma carência muito grande em Bataguassu de ter uma entidade que pudesse cuidar das crianças em estado de vulnerabilidade e risco social. Então, nós estivemos juntamente, na época, com a doutora Elisabeth Anache, conseguimos guardar um recurso que, na época, não estava disciplinado ainda, nos projetos de pequenas causas. Abrimos uma conta judicial, fomos fazendo os acordos. Na época, tinha as transações penais, etc. E aí, esse recurso ficou depositado numa conta judicial. Foi quando, então, quando chegou no limite de um valor razoável, nós conseguimos, junto ao município, a cessão do direito de uso real de uma área. E aí, nós chamamos a maçonaria e chamamos o Lions Club para poder montar essa entidade.”
CARÊNCIA
Na época, Bataguassu enfrentava forte carência de instituições capazes de acolher e amparar crianças em risco social. Diante dessa necessidade, o Ministério Público, em atuação conjunta com a Dra. Elisabeth Anache, mobilizou a sociedade e iniciou um trabalho visionário: reunir recursos provenientes de transações penais e acordos judiciais, depositados em conta judicial, para serem utilizados em um projeto social sólido.

O passo decisivo aconteceu quando se obteve junto ao município a cessão de uso real de uma área para implantação do CEJA. Aliou-se à causa a maçonaria, por meio da Loja Cavaleiro do Sul II, de 1983, além do Lions Club, na fase inicial. Foi na própria sede do Ministério Público que se elaborou e registrou o estatuto da entidade, que viria a se tornar, anos depois, referência de educação e cidadania.
FILOSOFIA
Desde o início, a filosofia do CEJA sempre foi trabalhar em várias frentes: social, educacional e profissionalizante. Na primeira casa que abrigou o projeto, crianças em situação de abandono encontraram não apenas abrigo, mas também esperança. Surgiram projetos como hortas comunitárias, onde as crianças cultivavam alimentos que levavam para suas famílias, e ações inovadoras como o trabalho de detentos no local, em sistema de remissão de pena, unindo ressocialização e benefício social.

Ao longo dos anos, o CEJA expandiu seu alcance. Em 2009, ocorreu um marco fundamental: a Funlec, que administrava uma escola em Bataguassu, transferiu sua estrutura ao CEJA, ampliando as atividades educacionais da entidade. Assim, o CEJA passou também a ofertar educação formal, com bolsas de estudo para crianças e adolescentes de baixa renda, amparado por critérios legais estabelecidos pelo governo federal.









Essa evolução permitiu que o CEJA conquistasse o CEBAS – Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social na área da educação, garantindo isenções previdenciárias e viabilizando novas parcerias. O apoio do senador Nelsinho Trad foi decisivo para concretizar esse reconhecimento, que é dado somente a instituições com rigorosa organização administrativa e contábil.
PARCEIROS
As conquistas estruturais do CEJA também foram possíveis graças ao apoio de diversos parceiros. Emendas parlamentares possibilitaram a construção de prédios, quadras esportivas e, mais recentemente, uma escola técnica. Importante colaboração veio também da Justiça do Trabalho, por meio do Dr. Antônio Arrais, que direcionou recursos de ações judiciais para obras fundamentais no complexo do CEJA.

Destaca-se, nesse contexto, o investimento que permitiu construir duas quadras de tênis e, posteriormente, a escola técnica, projeto que contou com aporte de quase R$ 2 milhões.
APOIO
Hoje, o CEJA não apenas acolhe crianças e jovens, mas está diretamente integrado ao projeto de desenvolvimento econômico de Bataguassu. A instituição prepara mão de obra para o parque industrial que se consolida na cidade, inclusive com cursos profissionalizantes em parceria com o Senai e outros parceiros educacionais.
Recentemente, Bataguassu conquistou a instalação de um curso presencial de Direito, graças ao apoio do governador Eduardo Riedel, e vislumbra a criação de novos cursos superiores, como Educação Física, Nutrição e, futuramente, até Medicina, reforçando a vocação educacional da cidade.
Outro pilar fundamental do CEJA é a solidariedade. Eventos importantes como leilões beneficentes realizados em seu espaço já arrecadaram valores expressivos, como R$ 700 mil destinados ao Hospital do Amor de Barretos, que atende pacientes de Bataguassu, fortalecendo ainda mais os laços de solidariedade e compromisso com a saúde pública.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O CEJA também integra ações ambientais de grande alcance. Um exemplo é o projeto Piracema, considerado um dos maiores projetos ambientais do Estado, que envolve crianças do 5º ano das redes públicas de Bataguassu, Santa Rita e Anaurilândia. Além de atividades educativas sobre preservação ambiental, o projeto proporciona vivências marcantes às crianças, incluindo visitas ao Bioparque Pantanal, ao Zoológico de Sorocaba e até excursões à Brasília, oferecendo a jovens carentes a oportunidade de conhecer a capital do país e ampliar horizontes.

Toda essa história comprova que o CEJA é, de fato, uma obra construída a muitas mãos. São promotores de Justiça, membros da maçonaria, empresários, voluntários, gestores públicos e cidadãos que, juntos, fizeram do CEJA não apenas um espaço físico, mas uma poderosa ferramenta de transformação social e desenvolvimento humano.

Hoje, o CEJA é orgulho para Bataguassu. É um centro educacional que se consolidou como referência de excelência, capaz de responder às novas demandas sociais, educacionais e econômicas do município. Sua existência representa esperança para muitas famílias, oportunidade para crianças e jovens e, acima de tudo, prova que, quando sociedade e poder público caminham juntos, é possível mudar vidas e construir um futuro melhor.