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terça-feira, 1 de julho de 2025

Paracel paralisa obras de fábrica de celulose no Paraguai após fracasso em obter financiamento

Projeto bilionário enfrenta crise, demissões e incertezas para conclusão do projeto

A Paracel, responsável pela construção da primeira fábrica de celulose do Paraguai, paralisou as obras do projeto bilionário localizado em Concepción e iniciou um processo de demissões em massa. A medida foi tomada em maio desse ano após o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) negar um pedido de financiamento fundamental para o andamento da planta industrial.

Considerado um dos maiores projetos florestais e industriais da história do Paraguai, a iniciativa passa por um momento crítico. Desde maio, a empresa tem promovido cortes significativos em sua equipe. Segundo o portal La Política Online, a Paracel foi obrigada a se reestruturar diante da ausência de apoio financeiro, demitindo trabalhadores e desmobilizando áreas técnicas — incluindo a equipe de engenharia.

Paracel paralisa obras de fábrica de celulose no Paraguai após fracasso em obter financiamento
Alojamento para 2 mil trabalhadores foi concluído para atender o projeto, porém no momento está desativado (Foto: Assessoria)

Fontes ouvidas pelo Perfil News relatam que, até o momento, apenas o movimento de solo e a construção de alojamentos para até dois mil trabalhadores foram concluídos. “Agora só investem na parte florestal e mantêm uma equipe reduzida para manutenção”, revelou uma fonte próxima à empresa.

Além do financiamento frustrado com o BID, a Paracel buscava novos sócios para garantir os recursos necessários à construção completa da fábrica. O orçamento inicial era de US$ 1,5 bilhão, mas o investimento total previsto, incluindo ações sociais e ambientais, gira em torno de US$ 4,4 bilhões.

A área social da empresa, que até agora não sofreu cortes, pode ser o próximo alvo da reestruturação. O impacto da paralisação já é sentido nas comunidades locais, que depositavam grandes expectativas no impulso econômico e na geração de empregos que o projeto prometia.

Fatores políticos também influenciam a crise

De acordo com fontes do setor empresarial, há indícios de resistência política ao avanço da obra. O Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (MADES), por exemplo, estaria dificultando processos burocráticos, supostamente por influência do ex-presidente Horacio Cartes, rival político do grupo empresarial Zapag — um dos principais sócios da Paracel.

Paracel paralisa obras de fábrica de celulose no Paraguai após fracasso em obter financiamento

Apesar do revés, a empresa mantém o plano de reflorestamento com cerca de 22 mil hectares de eucalipto plantados — um total de 25 milhões de mudas, que abasteceriam a futura produção de celulose. A Paracel também captou recursos no mercado financeiro internacional, tentando manter viva a ambição de colocar a usina em operação.

Segundo projeções da companhia, a fábrica teria capacidade para produzir até 22 MW de energia renovável, com um excedente de 100 MW — suficiente para abastecer uma cidade com 200 mil habitantes.

No entanto, o futuro da Paracel permanece incerto diante das dificuldades financeiras, do ambiente político desfavorável e do desmonte das estruturas operacionais já iniciadas.

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