O produto brasileiro é um dos cinco mais afetados por pacote tarifário do governo Trump, mesmo com crescimento das exportações gerais para os EUA
Por: Nathalia Santos
As exportações brasileiras de celulose para os Estados Unidos registraram uma queda de 22,7% em maio de 2025 na comparação com o mesmo período do ano passado. O número chama atenção por ocorrer mesmo em um cenário de crescimento geral das vendas brasileiras ao mercado norte-americano, impulsionado por outros produtos.
A retração no setor é reflexo direto do pacote de tarifas imposto pelo governo de Donald Trump, que voltou à Casa Branca no início deste ano. Os dados da Câmara Americana de Comércio (Amcham) foram divulgados pelo G1.

* Comparação com o mesmo período do ano passado.
A medida afetou diversos itens da pauta de exportações do Brasil, incluindo commodities industriais e agrícolas. A celulose, embora não tenha sido alvo direto da primeira rodada de sobretaxas, acabou atingida na segunda leva de medidas, que mirou um leque mais amplo de bens.
COMÉRCIO EXTERIOR
Apesar da perda no segmento, o comércio com os EUA como um todo cresceu. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou US$ 3,6 bilhões em maio para os Estados Unidos, um recorde para o mês e um aumento de 11,5% em relação ao mesmo período de 2024.
O bom desempenho foi puxado principalmente pela alta nas vendas de carne bovina, óleos brutos de petróleo e sucos.
Ainda assim, cinco dos dez principais produtos exportados do Brasil para os EUA apresentaram queda, com destaque para aeronaves, café, ferro-gusa, equipamentos de engenharia e, especialmente, a celulose.
CELULOSE É UM DOS PRINCIPAIS PRODUTOS BRASILEIROS

A celulose é um dos principais produtos da pauta exportadora brasileira e figura entre os líderes em volume e valor nas vendas do agronegócio. O Brasil é o segundo maior exportador mundial da matéria-prima, usada na fabricação de papel, tecidos e produtos de higiene.
Com a redução no volume exportado, o setor florestal brasileiro acende o sinal de alerta. Especialistas apontam que, além das tarifas, a crescente concorrência internacional e o fortalecimento de produtores asiáticos têm pressionado o mercado norte-americano.
O governo brasileiro, por meio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, informou que negocia com os EUA a redução ou isenção das tarifas, com prioridade para o aço e o alumínio, mas outros setores, como o de celulose, também estão sendo incluídos nas tratativas.