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quinta-feira, 10 de julho de 2025

Na ‘briga’ de Trump e Lula, celulose de MS acaba sofrendo impactos e fica na ‘berlinda’ com tarifaço de 50%

Com altíssima tarifa, Canadá leva vantagem e se torna um rival fortíssimo, podendo encaminhar para os EUA a celulose, que hoje em dia, o MS ainda exporta

O bombástico anúncio feito pelo presidente Donald Trump na quarta-feira (9), estipulando uma tarifa de 50% a todos os produtos brasileiros, é uma declaração de força misturada com um forte conteúdo político.

Donald Trump assumiu o mandato em janeiro deste ano, com uma política protecionista. As novas tarifas recíprocas foram anunciadas no início de abril e, uma semana depois, suspensas por 90 dias. Este prazo seria encerrado na quarta-feira, mas houve um novo adiamento, para 1º de agosto.

OPINIÕES DIVIDIDAS

O tarifaço de 50% dividiu opiniões no Brasil. Alguns dizem que parece ser uma questão política para embaraçar o governo brasileiro, alegando que Trump está querendo mostrar quem manda e que não aceita a questão do processo judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na contramão, por outro lado, muitas pessoas comentam que a alta tarifa seria devido à troca de farpas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como comprava o áudio abaixo.

Só sabemos que, se ficar esse cenário, será um grande baque para as exportações brasileiras, porque não há muita forma de negociação nem de redução das margens de lucro para exportar para os Estados Unidos. Além disso, o Brasil vai sofrer concorrência de outros países que já são mais competitivos. Então, é um cenário muito ruim.

IMPACTOS

Entre os setores impactados está o da celulose. Mato Grosso do Sul pode ser drasticamente atingido com decisão do presidente americano. O Estado tem várias indústrias e muitas outras sendo construídas. Apesar de MS exportar principalmente para países asiáticos, os Estados Unidos também é um cliente forte e o tarifaço impactaria não apenas de forma econômica, mas também social.

A decisão de Trump ocorre em um momento em que o Brasil batia recorde de exportações aos EUA, mesmo diante de tarifas americanas que já estão em vigor contra produtos brasileiros desde abril.

Na 'briga' de Trump e Lula, celulose de MS acaba sofrendo impactos e fica na 'berlinda' com tarifaço de 50%
(Ricardo Stuckert / PR)

BRICS

Apesar de Trump ter saído na defesa de Bolsonaro, tanto no meio político, financeiro e empresarial, dizem que o pano de fundo é a recente reunião dos Brics, que ocorreu no Brasil, na qual o presidente Lula propôs, novamente, a criação de uma alternativa ao dólar no comércio entre os países do bloco. O fato é que a medida de Trump pegou todos de surpresa.

REPERCUSSÃO NA WEB

O anúncio rapidamente repercutiu nas redes sociais. “Lula entrou em uma briga com Trump sem armas, sem forças para vencer e que não há sinal de trégua ou recuo”, disse um internauta.

“Infelizmente quem vai pagar por isso é o povo brasileiro, pois até que o Lula consiga provar alguma coisa, seu antiamericanismo já terá arrastado o país para o fundo do poço”, disse outro leitor.

“O Brasil sem essa crise já vinha se lascando com o IOF e o roubo do INSS. O Brasil sempre foi neutro, negocia com EUA e a China, mas agora estamos ferrados”, ressaltou outro.

BALANÇA COMERCIAL BRASIL/EUA

A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) — entidade sediada no Brasil que reúne empresas brasileiras e americanas com atuação nos dois países — divulgou no mês passado que as exportações brasileiras para os EUA atingiram US$ 16,7 bilhões no acumulado dos primeiros cinco meses desse ano.

Na 'briga' de Trump e Lula, celulose de MS acaba sofrendo impactos e fica na 'berlinda' com tarifaço de 50%

Isso representa um aumento de 5% em relação ao mesmo período de 2024 e estabelece um recorde para o período. Segundo a Amcham Brasil, esse recorde de exportações brasileiras reforça “o papel estratégico dos EUA como principal destino de bens industrializados brasileiros”.

A CNI estima que, em 2024, a cada R$ 1 bilhão exportado ao mercado americano foram gerados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção no Brasil.

TARIFA: DE 10% PARA 50%

Entre janeiro e maio, 79% das exportações brasileiras para os EUA foram compostas por bens industriais. Alguns setores já tiveram retração nas vendas para os EUA com a tarifa de 10% — e podem sofrer ainda mais caso se concretize a nova tarifa de 50%.

Na 'briga' de Trump e Lula, celulose de MS acaba sofrendo impactos e fica na 'berlinda' com tarifaço de 50%
 (Foto: Reuters/Carlos Barria)

É o caso de celulose, ferro-gusa e equipamentos de engenharia. A Amcham atribui isso às tarifas de até 10% e também à concorrência de países com acesso preferencial aos EUA — como o Canadá.

O Canadá se destacou como um concorrente mais agressivo no setor da celulose, com acesso facilitado ao mercado americano por meio do USMCA, o tratado comercial entre Estados Unidos, México e Canadá. Isso deixou os exportadores brasileiros em clara desvantagem.

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