Apesar da industrialização, Três Lagoas ainda é referência na pecuária de Mato Grosso do Sul
O Dia do Pecuarista é uma data comemorativa de grande importância no Brasil, especialmente para o agronegócio. Celebra-se em 15 de julho, e seu objetivo é reconhecer o trabalho árduo, a dedicação e a contribuição dos pecuaristas para a economia e o desenvolvimento do país.
Esses profissionais são fundamentais para garantir a produção de alimentos, o bem-estar animal e a sustentabilidade da atividade pecuária, que se estende por gerações.
POLO DE DESENVOLVIMENTO
Três Lagoas é um polo econômico de Mato Grosso do Sul. Cidade pioneira quando o assunto é celulose e também a que mais exporta para outros países. Hoje, o município é espelho para outros lugares que estão instalando fábricas, mas nem sempre as coisas foram assim.
Há pouco mais de 20 anos, Três Lagoas era uma cidade considerada pacata. Sua economia vinha basicamente do agronegócio e de pequenos comércios. Com a chegada das fábricas de celulose, o número de cabeças de gado vem diminuindo, mas o município continua sendo potência no setor.
TERCEIRO MAIOR REBANHO DE MS
Segundo, Bruno Ribeiro, presidente do Sindicato Rural de Três Lagoas, até 2020 2020 a cidade tinha em torno de 530 mil cabeças de gado. O número vem descendo de 530 para 2022, caiu para 500 mil cabeças no ano passado.
“Nós estamos em média aí nos 480 mil cabeças, mas Três Lagoas ainda continua com o terceiro maior rebanho do Mato Grosso do Sul. Existem muitos pecuaristas aqui, mas estão em extensão muito grande. Por mais que tenha sido arrendado para eucalipto, o setor segue firme. Quem trabalha com pecuária presta serviço muito certinho, com uma pecuária lucrativa e competitiva. Para nós do setor de agronegócio, um braço pujante ainda de Três Lagoas é a pecuária. A nossa segunda maior cultura, depois do eucalipto, vem a pecuária. Ainda estamos muito fortes. É um setor ótimo porque ele tem muita liquidez, então a nossa pecuária de Três Lagoas é muito forte. Um feliz dia do pecuarista para todo mundo”, disse.
O Dia do Pecuarista não é apenas para celebrar os profissionais do campo, mas também para destacar a relevância da pecuária para o Brasil. A atividade movimenta cerca de 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio e gera milhões de empregos diretos e indiretos.
A data também serve como um lembrete da importância de continuar investindo em inovação, sustentabilidade e bem-estar animal. Nos últimos anos, o setor tem passado por grandes mudanças, com a adoção de novas tecnologias e práticas de manejo que buscam reduzir o impacto ambiental e aumentar a eficiência produtiva.
FUTURO DA PECUÁRIA EM TRÊS LAGOAS
O corretor de gado, Mêncio Costa Alves, diz que o número de cabeças reduziu bastante e ele tem um pouco de receio do futuro próximo. Trabalhando no setor há mais de 40 anos, ele explica que as indústrias que chegaram à região e outras que estão sendo construídas podem afetar a pecuária.
“A gente vem sentindo a demanda cada vez mais longe da nossa área e estamos migrando para outras regiões, porque as ofertas estão acabando. Antigamente, quando queria comprar 300, 400 cabeças, você andava aí 30, 40 quilômetros e comprava. Hoje eu tô andando 400, 500 quilômetros para ter essa demanda. Acho que com as indústrias chegando na região deve diminuir ainda mais o número de boi. Trabalho há quarenta anos no setor, sou filho de pecuarista e vejo que de dois anos pra cá o número de cabeças de gado caiu bastante”, disse.
MAIS INVESTIMENTO NO SETOR
Na contramão, o pecuarista Paulo Sérgio Queiroz diz que é um setor que precisa de muito investimento para ter retorno, mas ressalta que a pecuária de Três Lagoas está viva e forte, mesmo dividindo espaço com o eucalipto.
“Aqui temos fazendas preparadas para o eucalipto e temos fazendas preparadas para para pecuária. Quem foi abandonando a propriedade, acredito que é para eucalipto, mas quem vem investindo há décadas vai tirando e colocando. Não se colhe uma espiga de milho sem adubar a terra. Após a colheita a terra tem que ser preparada novamente. O mesmo é com a pecuária. Tiramos carne e precisamos repor. Quem vem investindo ao longo dos anos está bem. Coisas bem feitas, bem trabalhadas, acho que funciona legal, só a despesa que aumentou muito e a gente sofre com isso. Tudo sobe e o gado fica nessa oscilação muito grande. Judia da gente um pouquinho, mas eu acho que ainda é um bom. Você tem que sempre estar investido na sua propriedade, se você nunca investiu, aí é complicado, difícil mesmo”, explicou.
FAMÍLIA TRADICIONAL DA PECUÁRIA
Leda Garcia, também é pecuarista e comenta que nem sempre é fácil competir com o eucalipto. De família tradicional em Três Lagoas, ela aprendeu desde cedo que a organização é a chave do negócio.
“Os pecuaristas da nossa região que continuam é porque eles têm uma muito boa gestão e uma vida regrada de acordo a sua renda mesmo. É preciso não gastar mais do que ganha. Esse é o grande segredo. Seguimos firmes e fortes com a pecuária em Três Lagoas”.
O pecuarista é o profissional responsável pela criação de animais para produção de carne, leite e outros produtos de origem animal. Ele tem uma participação importante na cadeia produtiva do agronegócio, garantindo que os rebanhos sejam bem cuidados, saudáveis e produtivos.
ATIVIDADE DE GRANDE RELEVÂNCIA ECONÔMICA
Esses produtores também são diretamente responsáveis pelo manejo do pasto, pela nutrição dos animais e pelo controle de doenças, contribuindo para a sustentabilidade do setor. No Brasil, a pecuária é uma atividade de grande relevância econômica, gerando empregos, renda e exportações.
Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o país é o maior exportador de carne bovina do mundo e detém um dos maiores rebanhos globais, com mais de 196 milhões de cabeças. Portanto, o Dia do Pecuarista não é apenas uma homenagem simbólica, mas uma celebração ao setor que impulsiona grande parte da economia brasileira.
Celebrar esse dia é, portanto, reconhecer a importância desses profissionais para a segurança alimentar e o desenvolvimento econômico do país.