28.3 C
Três Lagoas
quinta-feira, 31 de julho de 2025

Setor de celulose comemora isenção de tarifa nos EUA e destaca protagonismo de Mato Grosso do Sul

A decisão dos EUA representa um alívio para o setor, mas a mobilização segue ativa para evitar prejuízos a outros produtos florestais brasileiros afetados pelo chamado “tarifaço”

A decisão do governo dos Estados Unidos de isentar a celulose brasileira da nova tarifa de 50% imposta a diversos produtos de exportação foi recebida com entusiasmo pelo setor florestal nacional. Em Mato Grosso do Sul, onde a celulose lidera o ranking de exportações e é uma das maiores geradoras de emprego, a notícia foi especialmente celebrada.

Atualmente, o segmento emprega mais de 14 mil pessoas no estado. A Eldorado Brasil é responsável por 5.287 postos de trabalho, enquanto a Suzano gera 9 mil empregos — sendo 6 mil em Três Lagoas e 3 mil em Ribas do Rio Pardo, somando colaboradores diretos e indiretos. O papel estratégico da celulose para a economia sul-mato-grossense é tamanho que, se o estado fosse considerado um país, ocuparia a 10ª posição mundial em produção, à frente de nações como o Chile.

NOVAS FÁBRICAS

Setor de celulose comemora isenção de tarifa nos EUA e destaca protagonismo de Mato Grosso do Sul
Canteiro de obras do Projeto Sucuriú, maior fábrica de celulose do mundo que a multinacional Arauco está construindo em Inocência (MS) (Foto: Divulgação)

Com a entrada em operação de novas plantas industriais — como a da chilena Arauco, a Bracell e a segunda linha da Eldorado Brasil — previstas até o final desta década, a expectativa é que Mato Grosso do Sul se consolide entre os cinco maiores produtores globais de celulose.

A ameaça de uma taxação tão elevada, caso incluísse a celulose, poderia comprometer fortemente a competitividade do Brasil no mercado americano, principalmente para empresas como a Suzano, que destina cerca de 19% da sua produção ao mercado dos EUA.

SETOR PRESERVADO

Setor de celulose comemora isenção de tarifa nos EUA e destaca protagonismo de Mato Grosso do Sul

A decisão americana preserva especificamente as exportações de celulose de eucalipto, essencial para a fabricação de produtos de higiene como papel higiênico, guardanapos e toalhas de papel, os quais demandam um tipo de matéria-prima customizada para atender às exigências técnicas dos consumidores norte-americanos. Em 2024, o Brasil exportou 1,8 milhão de toneladas desse tipo de celulose aos EUA, de um total de 18,57 milhões de toneladas comercializadas globalmente, conforme dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).

Em nota oficial divulgada na noite da última quarta-feira (30), o presidente da Ibá, Paulo Hartung, comentou a importância da medida e manifestou preocupação com outros itens florestais afetados pela nova política tarifária.


NOTA DA IBÁ

“Como todos os agentes econômicos, o setor de árvores cultivadas para fins industriais e de restauração faz votos de que sejam em breve restabelecidos os históricos padrões de relacionamento comercial entre o Brasil e os EUA.

Ao mesmo tempo, o setor registra a decisão de incluir a celulose na lista de exceções do decreto tarifário norte-americano. Representativa da maior proporção dessas exportações, a celulose de fibra curta à base de eucalipto é uma matéria-prima não produzida nos EUA. Ao longo de décadas, produtores brasileiros e importadores norte-americanos desenvolveram, por exemplo, tipos de celulose adaptados, em termos de qualidade técnica, às exigências dos seus clientes para itens de primeira necessidade do consumidor local, como papel higiênico, guardanapo e toalha de papel, entre outros.

Outro produto do setor de árvores cultivadas que também está na lista de exceções é o ferro-gusa, que no Brasil é produzido em parte com carvão vegetal na substituição de outros insumos de origem fóssil, oferecendo soluções sustentáveis.

Por outro lado, nos preocupa a situação dos painéis de madeira e dos produtos de madeira serrada que estão supertaxados, assim como os diferentes tipos de papéis em que o Brasil é muito competitivo.
Podem ser igualmente mencionados os papéis de embalagens e os sacos industriais, que vêm conquistando espaço no mercado dos EUA.

Indiretamente, nossa dinâmica indústria de embalagens de papel também é impactada pelas novas tarifas incidentes, por exemplo, sobre frutas e proteínas animais que são embalados por nossos papéis.

A Ibá seguirá atuando pela superação deste momento desafiador, defendendo o diálogo e em permanente articulação com os diversos stakeholders.”*

Paulo Hartung
Presidente da Ibá

(*) Com informações da IBÁ

Leia também

Últimas

error: Este Conteúdo é protegido! O Perfil News reserva-se ao direito de proteger o seu conteúdo contra cópia e plágio.