De acordo com a especialista Gabrielle Silva, membro do IEEE — Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos, maior organização profissional técnica do mundo dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade, a variedade de formas de ataque e disfarce dessas investidas exigem habilidades multidisciplinares dos profissionais interessados. Outra ameaça que precisam enfrentar é a velocidade de aparecimento de novas tendências.
Vivemos em um período de acelerada transformação digital, intensificada no Brasil com a maior adoção do sistema 5G, expansão do Pix e uso de Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Todo esse ecossistema digital, com volume elevado de intersecções, estimula novos avanços. Por outro lado, também abre espaço para o ataque de vulnerabilidades de sistemas e setores. É nesse contexto que a demanda por soluções de cibersegurança ganha escala. Mais que proteger dados e informações pessoais, respaldar entregas e a prestação de serviços esse setor impacta direta e indiretamente a economia e o mercado de trabalho.
Gabrielle Silva, membro do IEEE — Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos, maior organização profissional técnica do mundo dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade — recomenda um olhar mais abrangente ao definir atribuições para a cibersegurança. “O amadurecimento do setor passa por ajustes conceituais para tratá-la como investimento estratégico e não somente como gasto. E para conciliar atitudes proativas com uma cultura de aprimoramento constante”, destaca Silva.
Com atuação no setor de Tecnologia e Novos Negócios, Gabrielle acompanha de perto os desdobramentos da cibersegurança sob a ótica da inovação e das mudanças de comportamento organizacional. Essa atribuição lhe permite identificar estágios distintos da cibersegurança no Brasil. Em um extremo, temos pouca ou nenhuma medida de segurança digital aplicada em áreas como saúde, educação e pequenos e médios negócios. Na outra ponta, empresas de grande porte e setores como telecomunicação e finanças dedicam mais recursos e esforços em prevenção e monitoramento.
“De qualquer forma, ainda é perceptível a falta de integração entre medidas de prevenção, detecção e respostas rápidas contra qualquer tipo de ameaça. E quanto se demora a perceber o início e a origem de um ataque, maior a vulnerabilidade e o risco daquele setor ou empresa”, explica Gabrielle.
A especialista do IEEE se apega em relatórios de empresas do setor para reforçar uma preocupação generalizada com o descompasso entre oferta de profissionais em volume e expertise suficiente para solucionar essa dificuldade. Nem mesmo oportunidades promissoras com médias salariais entre 70 mil e 120 mil dólares anuais em mercados estrangeiros projetadas por referências no setor são suficientes para atrair interessados. E essa perspectiva pode ser ainda maior dependendo de desenvolvimento profissional e cargo em grandes empresas.
E como não deixar passar essas oportunidades?
Mesmo apresentando realidade e contexto específicos, o cenário do mercado de trabalho brasileiro é parecido. A variedade de formas de ataque e disfarce dessas investidas exigem habilidades diversificadas dos profissionais interessados. Outra ameaça que precisam enfrentar é a velocidade do surgimento de novas tendências. “O especialista em cibersegurança precisa conciliar formação teórica e prática condizente com um mercado diverso, com improváveis conexões e ainda ter uma mentalidade de aprendizado contínuo para não ficar para trás em poucos meses”, recomenda Silva.
Uma recomendação da especialista do IEEE é começar na área fazendo certificações reconhecidas internacionalmente. Ao mesmo tempo, é importante ser ativo em comunidades técnicas para troca de habilidades desenvolvidas no dia a dia corporativo e participar de competições focadas em estimular o desenvolvimento e a aplicação eficiente dessas expertises.
Gabrielle também defende a atuação coordenada de diferentes atores do ecossistema. “A solução do problema depende de um esforço conjunto. As empresas precisam investir na capacitação contínua das equipes e na adoção de programas de formação e desenvolvimento profissional o quanto antes. O governo deve assumir a função estratégica de implementar políticas públicas que ampliem a formação técnica e o acesso a certificações reconhecidas”, afirma.
Ela ainda continua: “Já os centros de ensino precisam ajustar currículos à realidade que o mercado enfrenta, promovendo conexões reais e ações práticas com o que está acontecendo diariamente. E os especialistas já consolidados podem atuar como agentes de transformação, compartilhando conhecimento e estimulando um movimento colaborativo para fortalecer o ecossistema de segurança digital”.
Sobre o IEEE
O IEEE é a maior organização profissional técnica do mundo dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade. Seus membros inspiram uma comunidade global a inovar para um futuro melhor por meio de seus mais de 420.000 membros em mais de 160 países. Suas publicações, conferências, padrões de tecnologia e atividades profissionais são recomendadas por diversos especialistas. O IEEE é a fonte confiável para informações de engenharia, computação e tecnologia em todo o mundo.